Aída ambientou-se logo à vida no colégio interno. Sua mãe a visitava todos os primeiros domingos do mês e recebia das irmãs contínuos elogios sobre sua filha, considerada um exemplo para as colegas. Aos seis anos fez sua primeira comunhão, e crescia na prática das virtudes cristãs de forma consciente e autêntica. Aos 16 anos, em um retiro espiritual pregado por sua Eminência, o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, de 29 a 31 de maio de 1956, teve a alegria de conseguir que ele fosse dali em diante seu confessor espiritual. Entre as várias anotações que escreveu nesses dias de retiro encontramos as seguintes palavras: “Estou muito contente porque Jesus está no meu coração e minha alma está pura. Maria, ajudai-me a amar sempre a Jesus e ANTES MORRER DO QUE PECAR. Dia 31-5-56”. Grande era sua devoção a Nossa Senhora, e nos últimos seis anos de colégio pertenceu à Pia União das Filhas de Maria. Fazia parte também do Apostolado da Oração e da Cruzada. Dizia: “Por enquanto não senti o chamado de Deus, mas se algum dia Deus me chamar para Seu serviço, estarei pronta a ingressar na vida religiosa”.
Após doze anos de esmerada formação, saiu do colégio para começar nova vida. Continuou confessando-se de tempos em tempos, a receber a comunhão todos os domingos e recitar o terço e outras orações em casa. Fazia cursos de datilografia, inglês e português, e nas horas que lhe sobravam dos estudos trabalhava na loja do irmão. Estava sempre com algum livro na mão. Seu maior desejo era conseguir um bom emprego e ajudar a mãe.
Eram passados apenas sete meses de sua saída do Educandário. Estudava datilografia três vezes por semana, das 18h às 19h, em Copacabana; chegava em casa por volta das 20h. Naquele 14 de julho de 1958, porém, Aída tomou outro caminho: seguiu o Cordeiro sem Mancha, recebendo a palma do martírio!
Saiu do curso de datilografia com uma colega naquele dia. Foram abordadas por alguns rapazes da Rua Miguel Lemos. A um certo momento, afastou-se a colega e Aída ficou sozinha tentando recuperar objetos dela arrebatados pelos jovens. Haviam eles usado o estratagema de lhe tomar os óculos e a bolsa (onde estava o dinheiro da condução) para obrigá-la a ir em busca de seus pertences. Quem sabe quantas vezes fizeram algo parecido, pois já havia sido proibido ao porteiro do edifício aonde a levaram entregar as chaves a esses rapazes. Não foi um encontro casual, mas uma violência sexual planejada ("curra") pois do contrário não se explicam todas as condições favoráveis encontradas na sua execução e arroladas no processo criminal. Mais tarde seu corpo caía do terraço no 13o. andar do Edifício Rio-Nobre, em plena Av. Atlântica, de uma altura de 42 m.
O médico legista Mário Martins Rodrigues, do Instituto Médico Legal, autor da autópsia e outros exames, foi categórico: Aída morreu virgem. As vestes, por sua vez, foram cuidadosamente examinadas nos laboratórios do Instituto de Criminalística do Departamento Federal de Segurança Pública. Procurando reconstituir a cena do crime, os peritos constataram que por 30 minutos ela foi submetida a cruéis sofrimentos, violências e espancamentos. Três pessoas participaram do crime. Um deles usava um anel, que deixou marcas no seu rosto. O lenço branco bordado, encontrado na bolsa de Aída e muito manchado de sangue, foi usado pela jovem no momento da luta. Concluíram que ela limpou o sangue que lhe escorria da boca. O atentado violento ao pudor ficou provado pelo exame minucioso das vestes e de ferimentos do corpo. Dentro de sua bolsa foram encontrados os óculos completamente despedaçados. Na parede externa do parapeito do terraço os peritos constataram marcas deixadas pelas sandálias de Aída, que rasparam quando o corpo caiu, provando que ela não se atirou. O corpo caiu rente ao edifício.
Os advogados dos acusados tentaram difamar Aída, visando conseguir a absolvição dos criminosos. Procuravam argumentar que era leviana, que subira porque quis, sabendo o que encontraria, e, ao final dos acontecimentos, ela mesma teria se jogado do terraço.
Segundo testemunhas, Aída foi puxada para dentro do elevador e aos gritos chegou ao alto do prédio. Conforme notícias de um jornal da época, foi num apartamento do décimo segundo andar, ainda em fase de acabamento, que se deu a luta dos agressores para a imobilização de Aída. Caindo ela desmaiada ou morta em conseqüência da exaustão física, foi seu corpo jogado do terraço, visando simular o suicídio da vítima. Poucas foram as palavras proferidas por Aída no momento de sua resistência heróica, segundo o que nos referem os réus em seus depoimentos durante o processo criminal: "Deixem-me ir embora" e "Eu sou virgem".
O julgamento dos acusados causou revolta e frustração na sociedade. O principal acusado foi submetido a três julgamentos, até ter sua pena definitiva fixada em oito anos de prisão. Outro acusado foi condenado a um ano e três meses de prisão. Quanto ao porteiro ficou foragido até que se desse a prescrição do crime, isto é, 20 anos. O quarto implicado, menor de idade e enteado do síndico do prédio, foi encaminhado ao Serviço de Assistência ao Menor.
Todas as pessoas que a conheceram de perto, mormente suas amigas e professoras, são unânimes em afirmar sua retidão, e em declarar que Aída morreu mártir, fiel ao Senhor. Felizes coincidências entremearam sua breve existência: nasceu na oitava da Festa da Imaculada Conceição e morreu na oitava da festa de Santa Maria Goretti! No dia 16 de julho, tão logo o corpo foi entregue à família, seu caixão foi carregado pelas suas antigas colegas do educandário para o sepultamento, vestida de branco, e com a fita azul das Filhas de Maria: era o dia de Nossa Senhora do Carmo.