Rodrigo Mello Franco de Andrade

Rodrigo Mello Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.  Filho primogênito do professor de Direito Criminal e procurador seccional da República, Rodrigo Bretas de Andrade, e sua esposa Dália Melo Franco de Andrade. Seus ascendentes paternos originam-se da região de Ouro Preto (MG) e seu bisavô paterno, Rodrigo José Ferreira Bretas, foi o primeiro biógrafo de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Sua mãe pertenceu à família Melo Franco, de Paracatu (MG), da qual descenderam Francisco de Melo Franco e Afonso Arinos de Melo Franco. Era pai do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, diretor do filme Macunaíma e um dos grandes nomes do Cinema Novo.

Desde a primeira infância, quando se alfabetizou em casa, manifestou o gosto pelas letras e artes, herança de seus pais. Conheceu os clássicos da literatura, além da poesia simbolista, a sua preferida. Seus primeiros estudos foram feitos em casa e no Ginásio Mineiro, de Belo Horizonte. Aos 12 anos, passa a viver na casa do tio Afonso Arinos, em Paris. Na capital francesa, continua o curso secundário, no Lycée Janson de Sailly. Durante esse período, conviveu com intelectuais, escritores e artistas plásticos brasileiros que frequentavam a casa de seu tio Afonso, como Graça Aranha, Tobias Monteiro, Alceu Amoroso Lima e muitos outros. De volta ao Brasil, estudou Direito em Belo Horizonte e São Paulo, e formou-se pela Universidade do Rio de Janeiro.

Iniciou suas atividades profissionais, em 1921, como colaborador do jornal O Dia. Nos anos seguintes, trabalhou em O Dia e O Jornal (diretor). Em 1926, Rodrigo tornou-se redator-chefe da Revista do Brasil (adquirida por Assis Chateaubriand do seu proprietário anterior, o escritor Monteiro Lobato). Sob o comando de Rodrigo, foram publicados dez números da Revista do Brasil, que se transformou em um importante instrumento de manifestação dos ideais modernistas.

Durante algum tempo, conciliou o jornalismo com as atividades de advogado, trabalhando no escritório dos seus tios Afrânio e João de Melo Franco. Na administração pública, foi chefe de gabinete do ministro dos Negócios da Educação e Saúde Pública, Francisco Campos, e do secretário-geral de Viação e Obras Públicas da Prefeitura do Distrito Federal. Em dezembro de 1930, indicou o arquiteto Lúcio Costa para a direção da Escola Nacional de Belas Artes.

A produção literária e os textos jornalísticos de Rodrigo ainda são pouco conhecidos, ao contrário do seu trabalho e da sua vida dedicada à causa do patrimônio. Entretanto, a produção intelectual do fundador do SPHAN reúne contos, livros e artigos publicados em vários periódicos brasileiros, como O Estado de São Paulo, A Manhã, Jornal do Comércio, Revista do Brasil, a crítica literária, a arte em geral e vasta produção sobre aspectos jurídicos, técnicos e científicos relacionada ao patrimônio cultural.

De volta ao Brasil, após seus estudos na França, aproximou-se de grupos modernistas e criou laços de amizade que permaneceram ao longo dos anos, com Aníbal Machado - que o estimulou na sua iniciação literária -, Milton Campos, João Alphonsus, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Abgar Renault e Oswald de Andrade, entre outros. Participou de manifestações culturais que sucederam a Semana de Arte Moderna (Semana de 1922), realizada em fevereiro de 1922, em São Paulo, e iniciou sua amizade com os intelectuais do movimento modernista, em especial o escritor Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Tarsila do Amaral e Pedro Nava.

Anos depois, em 1936, o ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, aprovou o projeto de Mario de Andrade, que propôs a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Mario dirigia o Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo e indicou, ao ministro, o nome de Rodrigo Melo Franco de Andrade para a direção do SPHAN, que seria consolidado pelo Decreto-Lei Nº 25, de 30 de novembro de 1937. Desde abril de 1936, estava sendo organizado o que seria SPHAN e elaborada a legislação para criação da instituição, por Rodrigo e Mario de Andrade.

Rodrigo Melo Franco de Andrade assume a direção do SPHAN, oficialmente, em 1937.

Entre os inúmeros colaboradores diretos e indiretos de Rodrigo, na primeira fase da instituição, estão importantes nomes brasileiros, como Oscar Niemeyer, Luiz de Castro Faria, Sérgio Buarque de Holanda, Heloísa Alberto Torres, Vinícius de Morais, Gilberto Freyre, Carlos Drummond de Andrade, Renato Soeiro e Lúcio Costa. Da equipe de profissionais - fiéis companheiros - destacam-se Lúcio Costa, Renato Soeiro, Carlos Drummond de Andrade, Lígia Martins Costa, Sílvio Vasconcelos, Augusto Carlos da Silva Teles, Alcides da Rocha Miranda, José de Sousa Reis, Edson Motta, Judith Martins, Paulo Thedim Barreto, Miran de Barros Latif, Luís Saia, Airton Carvalho, Edgar Jacinto da Silva e outros.

Durante 30 anos, na direção-geral do SPHAN, Rodrigo consolidou os ideais de proteção e preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro. Esteve à frente - de 1937 a 1967 - da instituição de proteção ao Patrimônio Cultural Brasileiro e, após a aposentadoria, em 1967, integrou o Conselho Consultivo do SPHAN, onde permaneceu até a sua morte, em 11 de maio de 1969.

Para divulgar o trabalho realizado pelo SPHAN, Rodrigo Melo franco de Andrade criou a Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cujo primeiro número circulou ainda em 1937. Nos seus primeiros números, apresentava a proposta de consolidação de um novo espaço institucional e intelectual - a preservação do patrimônio cultural brasileiro - que demandava novas abordagens, adequadas aos novos objetos eleitos pelos que se dispunham a pensar e atuar na preservação desses bens culturais. A revista é publicada até os dias atuais, e o número 34 foi lançado em 2012.

 

 

Fonte: http://portal.iphan.gov.br/

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