Mário Hermes da Fonseca nasceu em Fortaleza no dia 25 de abril de 1880, filho do marechal Hermes Rodrigues da Fonseca e de Orsina Francioni da Fonseca. Seu avô paterno, Hermes Ernesto da Fonseca, marechal do Exército, foi presidente da província de Mato Grosso durante o Império (1875-1878) e governador da Bahia na República (1890).
Guilherme Schüch, posteriormente Guilherme Capanema, primeiro e único barão de Capanema, (Ouro Preto, 17 de janeiro de 1824 — Rio de Janeiro, 28 de julho de 1908) foi um naturalista, engenheiro e físico brasileiro, responsável pela instalação da primeira linha telegráfica do Brasil. Foi bisavô do político Gustavo Capanema (1900-1985).
João Baptista de Oliveira Figueiredo (Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1918 — Rio de Janeiro, 24 de dezembro de 1999) foi um geógrafo, político e militar brasileiro, tendo sido 30º Presidente do Brasil de 1979 a 1985 e o último presidente do período do regime militar.
Nascido na Rua Sá Freire no bairro Imperial de São Cristóvão no Rio de Janeiro era filho do General Euclides Figueiredo, comandante da Revolução Constitucionalista de 1932. Figueiredo estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, na Escola Militar de Realengo, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e na Escola Superior de Guerra. Ingressou na carreira política ao ser nomeado Secretário Geral do Conselho de Segurança Nacional do governo do Presidente Jânio Quadros e, em 1964, foi integrante do movimento que culminou com o Golpe militar de 1964, que depôs o então presidente João Goulart e deu início ao Regime Militar no Brasil. Comandou e chefiou várias companhias militares durante os primórdios do Regime Militar, como a agência do Serviço Nacional de Informações (SNI) no Rio de Janeiro de 1964 a 1966, exerceu o comando da Força Pública de São Paulo de 1966 a 1967, do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas de 1967 a 1969 e foi Chefe do Estado-Maior do III Exército em 1969.
Apontado pelo Presidente Ernesto Geisel, concorreu para presidente na eleição de 1978 pelo Aliança Renovadora Nacional (ARENA), na chapa com Aureliano Chaves para vice-presidente. Os adversários de Figueiredo eram o General Euler Bentes Monteiro para presidente, com Paulo Brossard para vice-presidente, ambos do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Com 355 votos (61,1%) contra 226 dados a Monteiro (38,9%), foi eleito pelo Colégio eleitoral. Em sua posse, pronunciou a famosa frase em que dizia que faria "deste país uma democracia".
O mandato foi marcado pela continuação da abertura política iniciada no governo Geisel. Pouco tempo depois de assumir o cargo, houve uma concessão de anistia ampla, geral e irrestrita aos políticos cassados com base em atos institucionais. Em 1980, extinguiu-se o bipartidarismo instaurado. A partir deste fato, foi criado o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) como sucessor do MDB, e o Partido Democrático Social (PDS) como sucessor do ARENA, além de outros novos partidos. Figueiredo, assim, virou filiado ao PDS. A 22 de Setembro de 1981 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de Portugal. Em 1982, engendrou-se uma reforma eleitoral para assegurar à situação maioria nas eleições de 1982, nas quais se defrontariam os governistas do PDS e quatro legendas de oposição. Contudo, durante o seu governo ocorreram vários atentados terroristas, atribuídos a setores da direita e militares da linha dura. A gestão ficou marcada pela grave crise econômica que assolou o mundo, com as altas taxas de juros internacionais, pelo segundo choque do petróleo em 1979, a disparada da inflação, que passou de 45% ao mês para 230% ao longo de seis anos, e com a dívida externa crescente no Brasil, que, pela primeira vez, rompeu a marca dos 100 bilhões de dólares, o que levou o governo a recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1982. Neste ano, houve a criação do Estado de Rondônia.
Em 1983, iniciaram-se as campanhas das Diretas Já, que acabaram rejeitadas no Congresso Nacional. Entretanto, o governo Figueiredo promoveu a primeira eleição civil brasileira desde 1964, que decretava o fim do Regime Militar. Figueiredo não apoiava nenhum candidato do seu partido, favorecendo assim a eleição do candidato oposicionista Tancredo Neves. Como Tancredo faleceu antes de assumir a presidência, o vice-presidente José Sarney, antigo membro do PDS, assumiu o poder. Figueiredo recusou-se entregar a faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 15 de março de 1985 após ter sido alertado pelo ministro-chefe do Gabinete Civil da presidência da república, Leitão de Abreu, de que Sarney entraria como substituto de Tancredo Neves e não como sucessor de Figueiredo. Foi o presidente que, até sua despedida, governou por mais tempo, depois de Getúlio Vargas. O ex-presidente faleceu no Rio de Janeiro, em 24 de dezembro de 1999 com insuficiências renal e cardíaca. Encontra-se sepultado no Cemitério do Caju no Rio de Janeiro.
Vida antes da presidência
Aos onze anos, João Figueiredo iniciou a carreira militar, obtendo o primeiro lugar no concurso para o Colégio Militar de Porto Alegre transferindo-se a seguir para o Colégio Militar do Rio de Janeiro. Ingressou, por fim, na Escola Militar do Realengo onde optou pela Cavalaria. Aos quarenta anos, trabalhou ao lado de Golbery do Couto e Silva no Estado-Maior do Exército e durante o curto governo de Jânio Quadros chefiou o Serviço Federal de Informações e foi secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional. Iniciado o Regime Militar de 1964, foi lotado na agência fluminense do Serviço Nacional de Informações. Em 1969 foi promovido a General de Brigada e comandou o Estado-Maior do III Exército pouco antes de ser nomeado chefe do Gabinete Militar no governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). Com a posse de Ernesto Geisel, foi nomeado ministro-chefe do SNI, cargo do qual se afastou para se candidatar a Presidência da República.
Viveu no exílio na Argentina entre 1932 e 1934, pois seu pai comandara a Revolução Constitucionalista de 1932 no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo.
Casou-se com Dulce Figueiredo (Dulce Maria de Guimarães Castro) em 1942.
A 27 de Julho de 1972 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis e a 26 de Julho de 1973 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Presidência da República
Apontado pelo presidente Ernesto Geisel como seu sucessor em 31 de dezembro de 1977, Figueiredo foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 15 de outubro de 1978 como candidato da ARENA pelo escore de 355 votos contra 266 dados ao General Euler Bentes Monteiro do MDB. Vitorioso, prometeu a "mão estendida em conciliação" jurando fazer "deste país uma democracia". A 28 de Dezembro desse mesmo ano, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.6
No plano político concedeu anistia ampla geral e irrestrita aos políticos cassados com base em atos institucionais, permitindo o retorno ao Brasil dos exilados pelo Regime Militar. Logo após extinguiu o bipartidarismo e engendrou uma reforma eleitoral para assegurar à situação maioria nas eleições de 1982 onde se defrontariam os governistas do PDS e quatro legendas de oposição. Apurados os votos os adversários do regime obtiveram dez governos estaduais sendo nove do PMDB e um do PDT num equilíbrio inédito de forças desde 1965.
Sua base conquistou doze governos estaduais e elegeu a maior bancada no Senado Federal e na Câmara dos Deputados e conseguiu o maior número de prefeitos e vereadores. Na época, a legislação vigente proibia coligações partidárias (forçando a incorporação do PP ao PMDB), exigia o voto vinculado (o eleitor só poderia votar em candidatos de um mesmo partido) e as sublegendas (nas eleições para senador e prefeito cada partido poderia lançar até três nomes). Ademais, os eleitores das capitais dos Estados e municípios considerados áreas de segurança nacional e estâncias hidrominerais não puderam eleger seus prefeitos, o que só ocorreria em 1985. Também os eleitores de Rondônia ficaram privados de eleger seu governador pelo voto direto, situação remediada apenas em 1986.
Após as eleições, o governo ensaiou em maio de 1983 uma tênue aliança com os parlamentares do PTB para reaver a maioria na Câmara; entretanto uma série de fissuras na bancada governista fez com que o Congresso Nacional rejeitasse em outubro o decreto 2.045 numa atitude inédita desde o início do regime militar. No mês seguinte, o PT realizou em São Paulo a primeira manifestação em favor das eleições diretas para presidente. No início do ano seguinte houve em todo o país uma intensa mobilização popular em favor do tema num movimento denominado Diretas Já.
Os atentados e a abertura
Contudo, durante o seu governo ocorreram vários atentados terroristas, atribuídos a setores da direita e militares da linha dura. Em janeiro de 1980, ocorre uma onda de ataques e, nos meses seguintes, são registrados 25 atentados, sem vítimas, em sua maioria explosões de bombas em bancas de jornais que vendiam periódicos de esquerda, da chamada imprensa alternativa. A situação se agravou com a detonação, em 27 e 28 de agosto, de cartas-bombas enviadas ao vereador do Rio de Janeiro Antônio Carlos de Carvalho, do PMDB, e a Eduardo Seabra Fagundes, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em consequência desses atentados, o jornalista José Ribamar de Freitas, chefe de gabinete do vereador, ficou gravemente ferido e dona Lida Monteiro da Silva, secretária da OAB, faleceu. Imediatamente, os presidentes de todos os partidos reuniram-se no Congresso para manifestar solidariedade à luta contra o terrorismo.
O mais notório atentado, porém, aconteceu no Riocentro, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, na noite de 30 de abril de 1981, quando duas bombas explodiram durante um show de música popular promovido pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade), em comemoração ao Dia do Trabalho. No local, havia cerca de 20 mil pessoas, a maioria composta por jovens. Não se sabe se por acidente ou imperícia, uma das explosões ocorreu em um carro particular que manobrava no estacionamento, matando um dos ocupantes, o sargento Guilherme Pereira do Rosário, e ferindo gravemente o motorista, capitão Wilson Luís Chaves Machado, ambos do DOI-CODI do I Exército. A imprensa e a opinião pública se convenceram de que as vítimas eram os próprios terroristas, mas o general Gentil Marcondes, comandante do I Exército, divulgou a versão de que ambos cumpriam "missão de rotina" e determinou que o sepultamento do sargento fosse com honras militares.
O atentado provocou uma crise política, que acabou sendo solucionada à base de mútuas concessões. Não houve punição ostensiva aos militares integrantes da "linha dura" e o I Exército pôde fazer seu próprio inquérito, "concluindo" que os dois militares haviam sido "vítimas de uma armadilha ardilosamente colocada no carro do capitão". O governo negou conhecimento da operação no Riocentro, mas, em compensação, não ocorreu a partir daí nenhum outro atentado terrorista significativo. Tal solução, entretanto, não agradou a todos os membros do governo. Em 6 de agosto, em decorrência da não-punição dos autores do atentado, o general Golbery do Couto e Silva, tido como o principal articulador do processo de distensão política, pediu demissão da chefia do Gabinete Civil, cargo que ocupava desde o início do governo Geisel, alegando "divergências irreconciliáveis".
Figueiredo atribuía os atentados aos "bolsões radicais porém sinceros", ou seja, militares linha-dura que não queriam que a abertura política de Figueiredo fosse em frente, por medo de revanchismo, caso a oposição chegasse ao poder.
Economia
Como presidente, discursou de forma marcante na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, criticando os altos juros impostos pelos países desenvolvidos.
A gestão ficou marcada pela grave crise econômica que assolou o Brasil e o mundo, com as altas taxas de juros internacionais, pelo segundo choque do petróleo em 1979, a disparada da inflação que passou de 45% ao mês para 230% ao longo de seis anos, e com a dívida externa crescente no Brasil que pela primeira vez rompeu a marca dos 100 bilhões de dólares, o que levou o governo a recorrer ao Fundo Monetário Internacional em 1982.
No entanto, em seu último ano de governo, o País havia conseguido sair da recessão e o Produto Interno Bruto (PIB) atingido um crescimento superior a 7%. As contas externas também encontraram relativo equilíbrio ao final de seu governo, com uma explosão das exportações e aumento da independência nacional do mercado externo, especialmente na área do petróleo.
Implementou, também, o programa de incentivo à agricultura, que tinha como slogan "Plante que o João garante". Esse programa foi criado por Antônio Delfim Netto, então Ministro do Planejamento, e seu vice José Flávio Pécora. Muitos pequenos agricultores quebraram por causa dos incentivos, que visavam modernizar a agricultura brasileira.
A agricultura, porém, foi realmente modernizada, e o programa é grande responsável pelo Brasil, atualmente, ser um dos maiores e melhores exportadores agrícolas do mundo. O preço do feijão, do arroz e de outros alimentos básicos, baixou consideravelmente. Antes, estes eram considerados muito caros para a população mais pobre.
Aconteceu em 1981 uma grande seca no Nordeste do Brasil, acontecendo saques a armazéns pelos flagelados, e foram criadas frentes de trabalho para gerar renda para as vítimas da seca.
Também foi autor do maior programa de habitação da história do Brasil, construindo quase 3 milhões de casas populares - mais do que a soma de toda a história do BNH (Banco Nacional de Habitação, que posteriormente foi incorporado à caixa econômica) implantada pelo então Ministro do Interior Mario Andreazza.
A 22 de Setembro de 1981 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Sucessão presidencial
Em mensagem de fim de ano transmitida por cadeia nacional de rádio e televisão ao final de 1983 Figueiredo comunicou sua renúncia ao posto de coordenador da sucessão presidencial devolvendo tal prerrogativa ao PDS. Saudada como uma vitória pelos defensores de uma candidatura civil, tal atitude evidenciava, na verdade, a ausência de consenso nas fileiras partidárias quanto ao nome a ser escolhido dada a profusão de nomes tanto de origem militar (Costa Cavalcanti, Otávio Medeiros, Mário Andreazza) quanto civil (Paulo Maluf, Aureliano Chaves, Marco Maciel, Hélio Beltrão). Paralelo à efervescência de nomes no campo governista, a oposição preferiu se empenhar pelo retorno das eleições diretas para presidente na campanha das Diretas Já.
Contudo, mesmo fissurada, a ação política do governo foi eficiente: impediu, por falta de quórum, a aprovação da emenda de Dante de Oliveira, que propunha o retorno das eleições diretas do presidente da república, na Câmara dos Deputados. Isto impediu a apreciação da emenda pelo Senado Federal. Mesmo apoiada por 298 votos favoráveis e apenas 25 contrários, a ausência de 112 parlamentares impediu que se chegassem aos dois terços válidos à continuidade da proposição. Compelida a se readaptar ao novo cenário político, a oposição logo articulou a candidatura do governador mineiro Tancredo Neves à sucessão de Figueiredo. Seu companheiro de chapa foi o senador José Sarney que se filiou ao PMDB em agosto de 1984 como egresso da Frente Liberal, grupo de dissidentes do PDS que cerrou fileiras ao lado dos antigos rivais políticos, em especial após a derrota de Andreazza na convenção nacional do partido que escolheu Paulo Maluf como candidato presidencial do governo.
Apoiado em um espectro político que agregava tanto oposicionistas de primeira hora como uma crescente leva de dissidentes e mesmo o apoio dos prescritos partidos comunistas, Tancredo Neves se apresentou como candidato em comícios realizados pelo país e terminou por ser eleito Presidente da República em 15 de janeiro de 1985 por 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções. O vitorioso, porém, não chegou a governar pois foi internado na véspera da posse devido a um problema de saúde que o obrigou a se submeter a sete cirurgias, porém, a despeito das tratativas, Tancredo Neves faleceu em 21 de abril daquele ano.
Foi sucedido na presidência por José Sarney (seu antigo desafeto de partido), vice de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional que, embora fosse candidato da oposição, havia recebido apoio até do ex-presidente Ernesto Geisel, com quem se encontrara três vezes.
Figueiredo recusou-se entregar sua faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 15 de março de 1985 após ter sido alertado pelo ministro-chefe do Gabinete Civil da presidência da república, Leitão de Abreu, de que Sarney entraria como substituto de Tancredo Neves e não como sucessor de Figueiredo.
Figueiredo apoiou a candidatura de Paulo Maluf (PDS) e considerava indevida a posse de José Sarney, por ser vice de um presidente que não chegou a assumir o cargo. Figueiredo entendia que Sarney era um "impostor". Em outras ocasiões, a tradição de passar a faixa presidencial já havia sido rompida, tal como na saída de Castelo Branco para a posse de Costa e Silva.
Depois de seu governo, afastou-se definitivamente da vida política. Ficou célebre a sua "declaração de despedida", dada ao jornalista Alexandre Garcia para a extinta TV Manchete: "Bom, o povo, o povão que poderá me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam".
Foi o presidente do ciclo do regime militar com maior tempo de mandato: seis anos, sendo também o quarto mandatário com mais tempo à frente da Presidência da República, atrás somente de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso (oito anos) e de Getúlio Vargas (dezoito anos).
Alguns atos de governo
Anistia aos punidos pelo AI-5 e perdão aos crimes de abuso de poder, tortura e assassinato cometidos por órgãos de segurança.
Extinção do bipartidarismo, o que dividiu a oposição entre os novos partidos criados e manteve a união dos arenistas, agora no PDS, que garantiram dessa forma a presidência da Câmara.
Garantiu o processo de abertura política, iniciado por Geisel, que resultou no fim do regime militar.
Estabeleceu o reajuste semestral do salário.
Criação do programa Grande Carajás.
Criação do estado de Rondônia.
Amplo programa de reforma agrária no norte do Brasil.
Extinção da TV Tupi
Em julho de 1980, Figueiredo assinou o decreto que extinguia a TV Tupi, a primeira emissora de televisão da América Latina. Sete emissoras foram lacradas. As emissoras de São Paulo a (TV Tupi São Paulo) e do Rio (TV Tupi Rio de Janeiro) estavam com dívidas. As emissoras de Belo Horizonte (TV Itacolomi), Recife (TV Rádio Clube de Pernambuco), Fortaleza (TV Ceará Tupi), Porto Alegre (TV Piratini) e Belém (TV Marajoara) estavam saudáveis, mas também foram fechadas. Cerca de um ano depois, Sílvio Santos obtém a concessão para utilizar os canais da TV Tupi São Paulo, TV Piratini (retransmissora da TV Tupi em Porto Alegre) e TV Marajoara (retransmissora em Belém).
Vida pós-Presidência
O ex-presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, viveu os seus últimos catorze anos de vida num apartamento em São Conrado na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Morte
João Baptista de Oliveira Figueiredo morreu em 24 de dezembro de 1999, vítima de problemas cardíacos e renais.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Figueiredo
José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco (Salvador, 16 de março de 1819 – Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1880) foi um político, monarquista, diplomata e jornalista brasileiro. Rio Branco nasceu na capital da capitania da Baía de Todos os Santos em uma família rica, porém a maior parte da fortuna foi perdida após a morte de seus pais ainda em sua infância.
Rio Branco estudou na Academia Real dos Guardas Marinhas e se tornou em 1841 um aspirante de marinha. Mais tarde no mesmo ano foi estudar na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, eventualmente se tornando um instrutor. Ele se tornou um político do Partido Liberal ao invés de continuar sua carreira como militar. Foi eleito deputado provincial do Rio de Janeiro em 1845 e subiu até o poder na província sob a tutelagem de Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho – um político veterano que exercia enorme influência sobre o jovem e inexperiente imperador D. Pedro II. Rio Branco temporariamente abandonou a política depois da queda de Aureliano Coutinho e a subsequente dissolução do Partido Liberal.
Seu trabalho como jornalista, destacando as ameaças representadas pelos conflitos armados nas repúblicas do rio da Prata (Confederação Argentina e Uruguai), atraiu a atenção de Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná, que o convidou a trabalhar como seu secretário em uma missão diplomática em Montevidéu. Eles foram bem sucedidos na formação de alianças que eventualmente contribuíram para a queda de Juan Manuel de Rosas, ditador argentino que declarou guerra contra o Brasil. Rio Branco se juntou em 1853 ao Partido Conservador de Paraná e mais tarde fez parte do gabinete que o segundo presidiu. Ele rapidamente cresceu dentro do partido durante a década de 1860 enquanto vários membros se juntavam ao partido recém criado da Liga Progressista. Rio Branco foi enviado ao Uruguai em 1864 com o objetivo de conseguir um fim diplomático para a Guerra do Uruguai. Mesmo sendo bem sucedido, acabou repentinamente dispensado do cargo. Ele foi chamado novamente em 1869 e enviado para o Paraguai, desta vez para negociar o fim da Guerra do Paraguai. Seus esforços foram reconhecidos e Pedro II lhe criou o título de Visconde do Rio Branco.
Rio Branco se tornou o Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) em 1871. Ele se tornaria o presidente que mais tempo ocupou o cargo de líder do conselho, com seu gabinete sendo o segundo de maior duração na história brasileira. Seu governo ficou marcado por uma época de prosperidade econômica e da adoção de várias reformas necessárias – apesar de provarem-se bastante falhas. A mais importante de suas iniciativas foi a Lei do Ventre Livre, que alforriava crianças nascidas de mulheres escravas. Rio Branco liderou o governo que aprovou a lei e sua promulgação aumentou sua popularidade. Entretanto, seu governo foi pego em uma crise com a Igreja Católica que resultou na expulsão de maçons das irmandades. Rio Branco renunciou junto com seu gabinete em 1875 após quatro anos. Sua saúde começou a deteriorar rapidamente depois de uma viagem pela Europa e ele foi diagnosticado com câncer de boca. Rio Branco morreu em 1880 e foi muito lamentado por todo o país. Ele é considerado por muitos historiadores como um dos maiores estadistas do Brasil.
Início de vida
José Maria da Silva Paranhos nasceu no dia 16 de março de 1819 em Salvador, Baía de Todos os Santos, na época quando o Brasil fazia parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Seus pais eram Agostinho da Silva Paranhos e Josefa Emerenciana de Barreiros. Agostinho Paranhos e seus dois irmãos haviam imigrado para o Brasil no início do século XIX. Ele se tornou um rico comerciante e se casou com Josefa, pertencente a uma das mais antigas famílias da Baía de Todos os Santos. A família dela tinha raízes na cidade do Porto, onde a própria família de Agostinho se originava. Ele permaneceu leal a Portugal em 1822 na época da Independência do Brasil, fazendo com que fosse ostracizado e perdesse seus negócios.
Paranhos teve uma infância simples e sem luxúrias. Apesar de seus pais não serem mais ricos, eles nunca passaram pela pobreza. Mais tarde em sua vida, ele lembraria-se com carinho sobre a Baía de Todos os Santos como a "terra natal" de sua infância. Seu pai morreu enquanto ele ainda era criança e sua mãe se foi alguns anos depois. Ele e seus irmãos mais novos ficaram em uma situação precária já que o restante da fortuna de Agostinho tinha sido apropriada por um parente. Os irmãos foram salvos por um de seus tios maternos Eusébio Gomes Barreiros, um coronel do Corpo de Engenheiros do exército. Barreiros cuidou dos filhos da irmã junto com os seus e pagou por suas educações. Um homem culto, ele teve uma grande influência no crescimento de Paranhos, e anos mais tarde seu sobrinho viria sempre falar muito bem sobre o tio.
Paranhos foi enviado a capital imperial Rio de Janeiro em 1835 aos catorze anos de idade para continuar seus estudos. No início do ano seguinte ele foi aceito na Academia Real dos Guardas Marinhas. Paranhos dava aulas para seus colegas de classe a fim de ajudar no pagamento de sua educação.11 Ele se formou em 1841 aos 22 anos com a patente de aspirante de marinha, entrando em seguida na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho. Paranhos foi atrás de um curso de engenharia e desenvolveu um gosto pela matemática. Foi promovido a alferes na marinha antes de se formar na escola militar e se tornou um professor substituto na escola naval. Ele se casou em 1842 com Teresa de Figueiredo Faria.
Paranhos se formou na escola militar em 1843 com a patente de alferes no Corpo de Engenheiros, porém decidiu voltar para a vida civil e se concentrar em sua carreira como professor. Ele se tornou um instrutor regular na academia naval no ano seguinte, dando aulas de artilharia. Foi transferido em 1845 para o corpo de professores da academia militar para dar aulas de artilharia, fortificação e mais tarde mecânica. Além de professor, Paranhos também se tornou jornalista e começou a trabalhar por volta de 1844 em jornais que apoiavam o Partido Liberal. Ele continuou como professor na escola militar e começou a dar aulas de economia política, estatística e direito administrativo por volta de 1863. Em 1874 se tornou deão da recém criada Escola de Engenharia (atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro), um ramo civil do programa de engenharia da academia militar.18
Início da carreira política
Facção Áulica
Os artigos escritos por Paranhos para os jornais Liberais atraíram a atenção de outros membros do Partido Liberal. Ele se tornou amigo e protegido de Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho (posterior Visconde de Sepetiba). Na época, Aureliano Coutinho era a figura mais poderosa da política nacional do Brasil. Era líder da Facção Áulica, um grupo – algumas vezes considerado uma ala do Partido Liberal – que tinha uma influência sobre o jovem e inexperiente imperador D. Pedro II. Membros da facção incluiam importantes criados da criadagem imperial e políticos notáveis.
O imperador nomeou Aureliano Coutinho como Presidente do Rio de Janeiro em 1844, a mais rica e importante província do Brasil na época. Com o apoio de Aureliano Coutinho e da forte base política, Paranhos foi eleito em 1845 aos 26 anos de idade para a Assembleia Legislativa Provincial. No ano seguinte Aureliano Coutinho o nomeou como secretário provincial, depois vice-presidente e mais tarde presidente interino.14 Paranhos foi eleito em 1847 como deputado representando o Rio de Janeiro.
A Facção Áulica perdeu seu poder em 1847 depois de passar anos dominando a política brasileira. Pedro II amadureceu fisicamente e se tornou mais astuto politicamente, removendo todos ligados ao grupo de seus cargos. Como seu líder, Aureliano Coutinho foi completamente excluído da vida política: "resultado de um banimento implícito, se não proferido, imposto por D. Pedro II".O monarca deixou claro que não toleraria mais ser influenciado por facções políticas.22 De fevereiro de 1844 a maio de 1848, todos os quatro gabinetes que governaram o Brasil foram compostos inteiramente de membros do Partido Liberal. Divisões internas dentro do partido impediram o avanço de projetos Liberais que tinham o objetivo de modernizar o país, incluindo uma reforma educacional e a construção de ferrovias e linhas de telégrafo.
O imperador convidou o rival Partido Conservador para formar um novo gabinete logo depois da renúncia do último gabinete Liberal. Paranhos perdeu boa parte de sua influência com seu partido fora do governo. Entretanto, o Partido Liberal não estava disposto a aceitar a perda de poder. A facção mais radical dos Liberais na província de Pernambuco, conhecida como o Partido da Praia, defendeu abertamente uma revolta. Os praieiros, Liberais apenas nominalmente, eram associados da Facção Áulica. A revolta proposta seria uma tentativa de reconquistar o controle do governo. Os praieiros tiveram pouco apoio e a opinião pública ficou contra. O grupo não conseguiu convencer a maioria da população que uma revolta traria benefícios. A revolta foi completamente derrotada em 2 de fevereiro de 1849 depois de atacarem Recife, capital de Pernambuco. Mesmo Paranhos tendo condenado a Revolta Praieira, ela mais as quedas de Aureliano Coutinho e do Partido Liberal deixaram quase impossível uma continuação na carreira política. Seu foco voltou novamente para seu trabalho como jornalista.
Guerra do Prata
Paranhos parou de escrever para jornais Liberais depois de deixar a política e se tornou editor do politicamente neutro Jornal do Commercio. Ele escreveu uma série de artigos semanais de 1850 até o final de 1851 que eram chamados "Cartas a um Amigo Ausente". A coluna lidava com assuntos como política, a sociedade brasileira e a vida diária da capital. Seus artigos logo começaram a lidar também com a política externa do Brasil, especialmente da Confederação Argentina e da guerra civil no Uruguai.
Juan Manuel de Rosas, o ditador argentino, havia auxiliado os rebeldes separatistas brasileiros da província de São Pedro do Rio Grande do Sul durante a Revolução Farroupilha nas décadas de 1830 e 1840, e continuava tentando anexar a província. Além da ameaça para a integridade territorial brasileira, Rosas tinha ambições de conquistar o Paraguai, o Uruguai e a Bolívia. O gabinete Conservador do Brasil decidiu formar alianças militares com os países ameaçados pelo ditador. O Exército Brasileiro comandado por Luís Alves de Lima e Silva, Conde de Caxias (depois Duque de Caxias) cruzou a fronteira para o Uruguai em 4 de setembro de 1851.
Paranhos começou a escrever artigos apoiando a política externa proativa do Brasil, que o aproximou do Partido Conservador. O Ministro das Relações Exteriores, Paulino José Soares de Sousa (futuro Visconde do Uruguai), nomeou o líder Conservador Honório Hermeto Carneiro Leão (posterior Marquês do Paraná) como diplomata plenipotenciário especial na região do rio da Prata. Honório Hermeto surpreendeu e decidiu levar Paranhos como seu secretário, ignorando diplomatas brasileiros muito mais experientes. Eles partiram para a capital uruguaia Montevidéu em 23 de outubro de 1851.
Honório Hermeto conseguia enxergar o potencial das pessoas, e Paranhos – que havia se mostrado um homem competente durante seu tempo como político Liberal do Rio de Janeiro – tinha talentos que poderiam ser colocados em bom uso. Como Honório Hermeto disse a Paranhos ao justificar sua escolha de um jornalista jovem e inexperiente diplomaticamente: "Não consultei ninguém sobre nomeá-lo. O que influenciou minha mente foi seu mérito, que prezo: eu espero, senhor, que prove que eu acertei".Ele era um homem bonito e charmoso, tinha 1,95 m de altura, olhos azuis e cabelo loiro. O historiador Jeffrey D. Needell afirmou que em Paranhos, Honório Hermeto tinha "um homem com distinta habilidade literária, com um passado militar e um incomum bom conhecimento técnico, com instintos políticos e coragem política comprovada, e com uma necessidade clara para um novo patrono com o recente eclipse de Aureliano [Coutinho]". Tudo isso, além de uma cabeça fria, excepcionais habilidade oratórias, energia inesgotável e uma mente culta e criativa, lhe fizeram a pessoal ideal para o cargo.
Os dois homens chegaram em Montevidéu para negociações em 2 de novembro. Honório Hermeto assinou no dia 21 um tratado de aliança com o Uruguai e as províncias argentinas dissidentes de Entre Ríos e Corrientes. Uma divisão brasileira, junto com tropas uruguaias e argentinas, invadiu a Argentina. Os aliados venceram a Batalha de Monte Caseros em 3 de fevereiro de 1852 e derrotaram Rosas, que fugiu para o Reino Unido. Para Needell, Paranhos "rapidamente adaptou suas próprias habilidades para as necessidades da missão. Ele demonstrou não apenas as esperadas inteligência e habilidade verbal, más uma surpreendentemente rápida compreensão das questões e dos atores, lidando com as complicações com dinâmica, mostrando um dom para a decisão, uma capacidade de trabalho, um olho para os detalhes e um instinto de se impor que conquistou a aprovação de Honório [Hermeto] e, após algumas hesitação (supostamente porque Paranhos era um novato, no modo de pensar de Paulino Soares), o apoio de Paulino [Soares]". Bartolomé Mitre, um aliado do Brasil contra Rosas e que posteriormente se tornou presidente da Argentina, lembraria-se décadas depois que Paranhos havia sido a "alma" da missão diplomática bem sucedida liderada por Honório Hermeto.
Paranhos ficou para trás quando Honório Hermeto voltou para o Brasil, tendo sido nomeado o ministro diplomático brasileiro no Uruguai. Seu tempo no Uruguai lhe permitiu adquirir uma compreensão da dinâmica que caracterizava as nações hispano-americanas da época. Nesses países era comum a existência de crises intermitentes que levariam ou resultariam em golpes de estado, governos ditatoriais, partidarismo político e guerras civis. Uma tendência e habilidade para a diplomacia ficou evidente durante sua estadia – como notou em fevereiro de 1853 o satisfeito Visconde do Uruguai, ainda Ministro das Relações Exteriores: "De maneira geral, eu aprovo o que nossos representantes diplomáticos fazem; entretanto, quase sempre me parece que, caso eu estivesse em seus lugares, teria feito melhor. Más com o Dr. Paranhos o pensamento não me ocorre. Todas as vezes que leio seus comunicados, digo a mim mesmo: 'Isto é precisamente o que eu teria feito ou dito'".
Honório Hermeto (agora Visconde do Paraná) foi nomeado em 6 de setembro de 1853 como o Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) e encarregado de organizar um novo gabinete. Pedro II queria avançar seu próprio plano ambicioso, que ficou conhecido como "a Conciliação".O objetivo era colocar um fim na erupção periódica de conflitos armados entre facções políticas, como havia ocorrido da Revolta Praieira. Tinha se tornado comum para partidos que haviam perdido o poder pelas eleições tentar reconquistá-lo através da força. A Conciliação tinha a intenção de fortalecer o papel do parlamento na solução das disputas políticas do país. Ambos os partidos seriam obrigados a deixar o partidarismo político de lado e ao invés disso dedicarem-se ao bem geral da nação.
Paraná convidou vários liberais a entrar no Partido Conservador e até mesmo nomeou alguns para serem ministros. Um deles era Paranhos, que assumiu o cargo de Ministro das Relações Exteriores em 1855. Ele ainda estava em Montevidéu quando soube que Paraná havia conseguido elegê-lo como deputado em 1853. O gabinete foi muito bem sucedido, porém enfrentou desde o início uma grande oposição por parte de membros do Partido Conservador que repudiavam os novos recrutas Liberais, acreditando que eles não partilhavam verdadeiramente dos ideais do partido e estavam principalmente interessados em conseguir cargos públicos. Paraná demonstrou grande resiliência ao enfrentar ameaças e superar obstáculos e contratempos.
Paraná morreu repentinamente em setembro de 1856 e seu gabinete conseguiu sobreviver por apenas mais alguns meses. O imperador, apesar de cético quanto aos meios que a Conciliação foi implementada, aprendeu a apreciar seus méritos e queria que ela continuasse. O apoio de Pedro II deu uma nova chance à Conciliação e permitiu que Paranhos voltasse ao governo novamente em 12 de dezembro de 1858 como Ministro das Relações Exteriores.55 A questão mais urgente que ele enfrentou foi a persistente recusa do governo do Paraguai em permitir que navios brasileiros acessassem a província do Mato Grosso. Na época a melhor e mais rápida maneira de chegar naquela distante província era viajar pelo Oceano Atlântico e entrar nos rios que fluiam pelas nações ao sul do Brasil. Um dos motivos da guerra contra a Argentina em 1851 era garantir a livre passagem de navios. A crise entre o Brasil e o Paraguai se arrastava desde a época que Paranhos fazia parte do gabinete de Paraná. Ele assinou um tratado em 12 de fevereiro de 1858 que permitia a livre navegação pelos rios paraguaios. Isso adiou o início de uma guerra, que viria a ocorrer em 1864.
Liga Progressista
Os ultraconservadores que eram contra a política da Conciliação eram liderados por Joaquim José Rodrigues Torres, Visconde de Itaboraí, Eusébio de Queirós e o agora Visconde do Uruguai. Esses estadistas mais velhos eram da mesma geração de Paraná e haviam assumido a liderança do Partido Conservador após a morte dele. Apesar de Conservadores no nome, eles repetidas vezes em várias áreas mostraram-se mais progressistas que seus rivais Liberais. Uruguai virou o patrono de Paranhos desde a missão diplomática de 1851 e muito influenciou seu protegido,46 que inicialmente ficou com os ultraconservadores. Paranhos conseguiu persuadir Caxias (que havia sido o comandante geral brasileiro na Guerra do Prata, Ministro da Guerra no Gabinete de Conciliação e sucessor de Paraná na presidência do conselho) a permanecer do lado da velha guarda Conservadora.
Nenhum dos gabinetes durou muito depois de 1857. Eles rapidamente caiam pela falta de maioria na Câmara dos Deputados. O Partido Conservador estava dividido: de um lado estavam os ultraconservadores e do outro lado os conservadores moderados. Uma nova geração de políticos surgiu após o Gabinete de Reconciliação, querendo muito adquirir mais poder dentro do partido. Paranhos pertencia a esse grupo mais jovem. Esses homens viam seu caminho até o topo como estando bloqueado pelos Conservadores mais velhos, que não estavam dispostos a abrir mão do controle.
Os membros restantes do Partido Liberal, que definhava desde a Revolta Praieira de 1849, aproveitaram a aparente dissolução iminente do Partido Conservador para voltarem à política nacional com força renovada. Eles deram um duro golpe no governo em 1860 quando conseguiram vencer vários assentos na Câmara dos Deputados. O imperador pediu em 2 de março de 1861 para Caxias liderar um novo gabinete. Ele escolheu Paranhos como Ministro da Fazenda (e Ministro das Relações Exteriores interino), que logo se tornou o braço direito de Caxias. Sua influência tornou-se tão grande que o novo ministério ficou conhecido como o "Gabinete Caxias–Paranhos".
O novo governo enfrentou um grande desafio: a Câmara dos Deputados estava dividida em três grupos: os ultraconservadores, os moderados e os Liberais. Caxias e Paranhos nomearam homens que eram ultraconservadores ou moderados para os ministérios restantes, uma tentativa de revigorar a oposição Liberal e consolidar uma maioria governamental. Mesmo conseguindo recrutar apoiadores suficientes vindos de fora do partido para formar um governo, o gabinete estava prejudicado desde o início por conta da falta de unidade interna. Ele foi condenado quando José Tomás Nabuco de Araújo Filho, amigo de Paranhos e antigo colega do Gabinete de Conciliação, fez um discurso que defendia a fusão dos Conservadores Moderados e os Liberais em um novo partido político.
O discurso foi recebido com tanto entusiasmo que ambos os grupos votaram como uma facção única e coesa, deixando o governo sem maioria. O gabinete pediu para Pedro II dissolver a câmara e convocar novas eleições, porém ele se recusou. Sem alternativa os ministros renunciaram, e em 24 de maio de 1862 o imperador nomeou um membro da coalizão Moderada-Liberal para formar um novo gabinete. O novo partido foi chamado de Liga Progressista, porém a maioria de seus membros eram Conservadores. O novo gabinete encerrou catorze anos de domínio Conservador na política nacional. A derrota não foi uma perda total para Paranhos, já que havia sido nomeado por Pedro II como senador vitalício pelo Mato Grosso em novembro de 1862, logo depois de ter conseguido o maior número de votos na eleição. Ele assumiu seu posto como senador em 5 de março de 1863.
Diplomata
Outra guerra civil estourou no Uruguai e colocou seus partidos políticos uns contra os outros. O conflito interno levou ao assassinato de brasileiros e o saque de suas propriedades uruguaias. O gabinete Progressivo do Brasil decidiu intervir e enviou um exército, que invadiu o Uruguai em dezembro de 1864, iniciando a breve Guerra do Uruguai.
Francisco Solano López, o ditador do Paraguai, aproveitou a situação uruguaia para estabelecer seu país como uma potência regional. Ele ordenou em novembro de 1864 que um navio a vapor brasileiro fosse tomado, iniciando a Guerra do Paraguai. Em dezembro o exército paraguaio invadiu a província do Mato Grosso (atual estado do Mato Grosso do Sul). Quatro meses depois o Paraguai invadiu o território da Argentina em preparação para um ataque contra a província brasileira de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Aquilo que parecia uma simples intervenção militar de curta duração acabou levando a uma guerra total no sudeste da América do Sul. O gabinte Progressivo nomeou Paranhos como ministro plenipotenciário. Sua missão era terminar o conflito com o Uruguai para que o Brasil pudesse concentrar sua atenção na ameaça mais séria imposta pelo Paraguai. Ele chegou na capital argentina Buenos Aires em 2 de dezembro de 1864. Paranhos assinou um tratado com o governo uruguaio em 20 de fevereiro de 1865, encerrando a guerra. Ele não apenas conseguiu trazer a paz más também forjou uma aliança entre o Brasil, a Argentina e os rebeldes do Uruguai (que formaram o novo governo pós-guerra) contra o Paraguai. O pacto mais tarde seria oficialmente assinado como o Tratado da Tríplice Aliança.
O almirante Joaquim Marques Lisboa, Barão de Tamandaré (mais tarde Marquês de Tamandaré), comandante geral das forças brasileiras e membro da Liga Progressista, reclamou com o gabinete sobre os acordos engenhados por Paranhos. Na época que o tratado foi concluído, Montevidéu estava cercada por tropas brasileiras e sob bloqueio pela marinha. Tamandaré e o gabinete estavam ansiosos pelo fim do conflito que resultaria na conquista da capital inimiga e no aumento da popularidade do governo brasileiro. Entretanto, Paranhos impediu tal resultado. Ele foi demitido do cargo em retaliação pela conclusão sem derramamento de sangue. Ao voltar para o Brasil ele se defendeu no senado: "Digam [...] o que quiserem sobre o ato diplomático de 20 de fevereiro; vocês não serão capazes de tirar de mim esta grande convicção: o pensamento que naquela solução eu salvei a vida de 2.000 compatriotas, [e] evitei a destruição de uma importante capital". Mesmo assim, ele recebeu prêmios no Uruguai, na Argentina e até mesmo no Brasil por suas realizações ao engenhar o fim do conflito e formar uma aliança.
Guerra do Paraguai
O Conde d'Eu (com a mão na cintura) com Paranhos (à sua esquerda, de calça branca e cartola) e Alfredo d'Escragnolle Taunay (entre os dois) junto com oficiais brasileiros em 1870.
A Liga Progressista foi marcada desde seu início por conflitos internos entre a ala Progressista (os antigos Moderados Conservadores) e os Históricos (os antigos Liberais). Todos os gabinetes formados pela liga depois de 1862 duraram pouco. A invasão paraguaia em 1864 levou a um conflito muito mais extenso do que era esperado, aumentando as tensões dentro do partido. Ocorreu uma briga em 1868 entre Caxias (comandante geral das forças brasileiras na guerra) e o gabinete Progressivo, fazendo com que os ministros renunciassem depois de perderem sua credibilidade para prosseguir com a guerta. Pedro II acabou chamando os Conservadores de volta para o poder em julho. Mais uma vez Paranhos – que desde 18 de agosto de 1866 era membro extraordinário do Conselho de Estado – se tornou Ministro das Relações Exteriores.
A ascensão do Partido Conservador forçou a união dos Progressistas e os Históricos – algo que eles não haviam conseguido realizar enquanto estavam no poder. A coalizão Progressita–Histórica foi rebatizada como Partido Liberal (o terceiro a ter esse nome na história do Brasil).nota 2 Sua ala mais radical se declararia em 1870 como republicana – um sinal dos tempos para o fim da monarquia no final da década seguinte.
A capital paraguaia Assunção foi tomada em 1 de janeiro de 1869, levando a crença difundida que a guerra estava próxima de seu fim. Paranhos partiu para Assunção em 1 de fevereiro como ministro plenipotenciário com o objetivo de concluir um acordo de paz. Ele levou consigo como secretário seu filho mais velho José Maria da Silva Paranhos Júnior (posterior Barão do Rio Branco). Os dois eventualmente viriam a romper relações devido a um caso entre Paranhos Júnior e uma atriz belga que produziria vários filhos. Apesar do casal ter vivido juntos, eles nunca se casaram e nunca houve um reconhecimento formal da existência dela e de seus filhos. Paranhos desaprovava a vida pessoal do filho, que era considerada escandalosa para a sociedade brasileira do século XIX. Paranhos Júnior viria a ter uma grande carreira como Ministro das Relações Exteriores muito depois da morte de seu pai e o estabelecimento do republicanismo no Brasil. Ele passou a ser considerado como um dos maiores herois da nação por seu papel importantíssimo ao definir as fronteiras internacionais do país, sendo oficialmente designado como o patrono da diplomacia brasileira.
A missão diplomática chegou em Assunção no dia 20 de fevereiro de 1869. O lugar era na época uma pequena cidade de ruas de terra e muitos prédios feitos de pouco mais que palha. O país não tinha um governo com López fugindo. Paranhos teve que criar um governo provisório que poderia assinar o tratado e reconhecer a fronteira reivindicada pelo Brasil. Mesmo com o Paraguai devastado, o vácuo político deixado pela deposição de López foi rapidamente preenchido por facções emergentes que Paranhos precisava acomodar. De acordo com o historiador Francisco Doratioto, Paranhos, "o então maior especialista brasileiro em assuntos Platinos", teve um papel "decisivo" ao criar um governo paraguaio democrático. Dessa forma o Paraguai permaneceu como país independente. Mais tarde em 20 de junho de 1870, foram assinados os protocolos preliminares de paz. O acordo de paz final aceitando as reivindicações do Brasil foi assinado em janeiro de 1872.
Paranhos teve que lidar com outra séria questão enquanto estava no Paraguai. O príncipe Gastão, Conde d'Eu – neto do rei Luís Filipe I da França e marido de D. Isabel, Princesa Imperial e herdeira de Pedro II – havia sucedido Caxias como o comandante geral das forças brasileiras. O príncipe entrou em depressão depois de um bom começo com sucessivas vitórias contra os restos do exército de López. Paranhos acabou se tornando o comandante-geral de facto do exército. López foi encontrado e morto em 1 de março de 1870, encerrando a guerra. O imperador conferiu a Paranhos no dia 20 de junho o título de Visconde do Rio Branco (o nome do rio que o Paraguai reivindicava como sua fronteira com o Brasil) com a distinção de Grandeza. Rio Branco (como Paranhos ficou conhecido) se tornou membro do Conselho de Estado em 20 de outubro.
Enquanto ainda estava no Paraguai, Rio Branco foi chamado de volta ao Brasil tendo recebido notícias adiantadas que Pedro II tinha a intenção de lhe oferecer o cargo de Presidente do Conselho de Ministros. O imperador estava querendo aprovar um controverso projeto de lei que alforriaria imediatamente crianças nascidas de mulheres escravas. O império havia passado por grandes mudanças desde que Rio Branco havia começado sua carreira política. Décadas de paz interna, estabilidade política e prosperidade econômica criaram uma situação em que tudo "parecia estar bem definido para o futuro"– embora o tempo iria provar o contrário. O fim da Guerra do Paraguai trouxe consigo aquilo que viria ser considerada como a "Era de Ouro" e apogeu do Império do Brasil. A reputação internacional do país de estabilidade política melhorou muito, junto com o progressivismo e o potencial de investimento que, com exceção dos Estados Unidos, eram inigualáveis por outra nação americana. A economia começou a passar por um rápido crescimento e a imigração aumentou. Foram adotados vários projetos de modernização como ferrovias e comércio. Com o fim da escravidão já se aproximando "e outras reformas projetadas, as perspectivas de 'avanços morais e materiais' pareciam vastas".
Pedro II planejou uma viagem pela Europa e que consequentemente resultaria em sua ausência por quase um ano. Em seu lugar, sua filha Isabel tornou-se a regente do império. Ela era jovem e inexperiente e dessa forma Rio Branco não poderia contar com a intervenção imperial para ajudá-lo na aprovação da lei anti-escravidão do imperador. Nessa época, a velha guarda Conservadora havia ficado para trásnota 6 e ele lideradava o partido. Rio Branco formou seu gabinete em 7 de março de 1871 e ele iria durar até 25 de junho de 1875 – o segundo mais longo da história do império. Rio Branco tornaria-se o primeiro-ministro de maior mandato da história brasileira. Exceto um, todos os seus ministros eram jovens e inexperientes. Apenas um deles alcançou proeminência: João Alfredo Correia de Oliveira, que como presidente do conselho conseguiria em 13 de maio de 1888 a aprovação da Lei Áurea, que acabou completamente com a escravidão no Brasil.
Lei do Ventre Livre
O projeto de lei para alforriar crianças nascidas de mulheres escravas (e dessa forma limitar a duração da escravidão para o período de vida dos escravos ainda vivos) foi apresentado na Câmara dos Deputados em 12 de maio de 1871. Ele enfrentou "uma oposição determinada, que vinha com o apoio de por volta um terço dos deputados e que procuravam organizar a opinião pública contra a medida".De acordo com o historiador José Murilo de Carvalho, Rio Branco "teve que usar toda sua energia extraordinária e habilidade de liderança para convencer os deputados", já que havia oposição de membros tanto do Partido Conservador quando do Liberal. Ele realizou 21 discursos na câmara e no Senado defendendo a aprovação de legislação. A abolição da escravatura tinha grande oposição nos principais círculos de poder. Até o próprio Rio Branco tinha sido inicialmente contra a proposta, temendo seu impacto na estabilidade nacional, porém ele começou a acreditar depois de 1867 que a medida era necessária.
A legislação foi forçada através da Câmara dos Deputados pelo repetido uso de clôture para agilizar seu processo. O projeto de lei foi finalizado no final de agosto e levado ao Senado para consideração. O Senado finalmente aprovou a medida em 27 de setembro de 1871. Isabel assinou a legislação no dia seguinte e ela ficou conhecida como a "Lei do Ventre Livre".De acordo com a historiadora Lidia Besouchet, naquele momento "ninguém [no Brasil] tinha mais popularidade que Rio Branco". Artigos o elogiando e contando sua história de vida e carreira apareceram em jornais dos Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, França, Itália, Portugal, Espanha e outras nações estrangeiras. Para Besouchet, a aprovação da lei foi o apogeu da carreira política de Rio Branco.
Apesar da realização, a aprovação da lei danificou seriamente as perspectivas de longo prazo do império. Ela "dividiu os Conservadores no meio, uma facção apoiou as reformas do gabinete de Rio Branco, enquanto a segunda – conhecida como 'escravocratas' – eram implacáveis em sua oposição". A última era formada pelos ultraconservadores, liderados por Paulino José Soares de Sousa, 2.º Visconde do Uruguai.nota 9 A legislação e o apoio que Pedro II fez com que os ultraconservadores deixassem de ser incondicionalmente leais a monarquia.
O Partido Conservador havia anteriormente passado por uma séria divisão na década de 1850, quando o apoio total do imperador à política de Conciliação permitiu o surgimento da Liga Progressista. A diferença naquela época era que os ultraconservadores contra a Conciliação viam Pedro II como indispensável para o funcionamento do sistema político: um árbitro final e imparcial na ameaça de impasse. Esta nova geração de ultraconservadores, diferentemente de seus predecessores, não tinha passado pelo Período Regencial e os primeiros anos do reinado do imperador, quando os perigos externos ameaçavam a existência da nação. Eles apenas conheciam a prosperidade e uma administração estável. Os políticos mais jovens não viam motivos para manter e defender o cargo imperial como força unificadora benéfica para o país.
Além da questão da escravidão, o gabinete avançou várias medidas para tratar pedidos de reformas políticas e administrativas. Entretanto, todas elas – incluindo a Lei do Ventre Livre – foram apenas parcialmente eficientes por causa de vários buracos. As crianças nascidas de mulheres escravas, apesar de declaradas livres mesmo depois da sanção da lei, eram mantidas pelos donos de escravos até os 21 anos. Era verdade que "incapaz de se reproduzir, a escravidão eventualmente desapareceria", porém o status que foi mantido por pelo menos mais duas décadas. Na prática, como o historiador Roderick J. Barman resumiu, a "lei mudou tudo e mudou nada". Outras reformas também tinham deficiências. A legislação da reforma policial de 1871 teoricamente limitava os poderes da polícia de realizar prisões arbitrariamente e protegia as liberdades civis, porém essas limitações eram geralmente ignoradas.
Questão religiosa
Caricatura satirizando a Questão religiosa. A legenda diz: "Sua Majestade aproveitou a ocasião para, não desfazendo no macaroni do Papa, fazer valer as vantagens e excelência de uma boa feijoada".
O governo teve que lidar enquanto isso com uma crise séria e prolongada envolvendo a Igreja Católica. O catolicismo era a religião oficial do Brasil e existia certo grau de controle do estado herdado do domínio português, incluindo a nomeação de clérigos. Essa situação levou a um estado de coisas em que o clero católico era visto como sendo insuficiente, indisciplinado e mal educado, criando uma perda de autoridade moral e respeito popular pela igreja. Houve várias medidas com a intenção de enfraquecer a autoridade papal sobre a igreja brasileira, incluindo a suspensão em 1856 da aceitação de noviços em mosteiros e a introdução do direito de apelação à coroa em 1857 sobre a maioria das questões religiosas, com nenhuma das duas tendo sido aceitas em Roma.
O governo imperial queria reformar a igreja e nomeou vários bispos reformadores e cultos. Apesar desses bispos concordarem com o governo sobre a necessidade de uma reforma, eles não compartilhavam a visão de Pedro II sobre a subserviência da igreja para o governo, tendendo a serem influenciados pelo ultramontanismo que enfatizava lealdade ao papado sobre os poderes civis.
Um dos bispos da nova geração era D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, o Bispo de Olinda. Ele expulsou em 1872 os maçons das irmandades. Todas as formas de maçonaria há muito haviam sido proíbidas para todos os católicos sob a pena de excomungação.
Rio Branco era grão-mestre da Grande Oriente do Brasil, a maior loja maçônica brasileira. Não se sabe exatamente quando ou como ele se tornou um maçom, porém ele era membro desde pelo menos 1840. A maçonaria brasileira não era vista como hostil com a igreja da mesma maneira que as lojas europeias. Na opinião de Roderick J. Barman, nem "o presidente do Conselho ou seus associados poderiam ser acusados de ateísmo ou hostilidade contra a religião".
O governo ficou do lado dos maçons e contra a igreja, ordenando que D. Vital voltasse atrás, algo que ele se recusou a fazer. A recusa fez com que os bispos fossem julgados em 1874 na Suprema Corte de Justiça e condenados a quatro anos de trabalhos forçados, que foi comutada para quatro anos de prisão sem trabalho. Rio Branco explicou em uma carta datada de agosto de 1873 que acreditava que o governo "não poderia comprometer o caso" já que "envolve princípios essenciais para a ordem social e soberania nacional".Essas ações estavam de acordo com seus próprios pontos de vista, porém suas convicções foram reforçadas pelas conclusões idênticas do imperador. Pedro II considerava Rio Branco como seu político favorito e um segundo no comendo que ele podia confiar. O monarca teve um papel decisivo ao apoiar as ações do governo contra os bispos. O historiador Roderick J. Barman criticou a falta de independência que Rio Branco mostrou em relação a Pedro II, dizendo que o presidente do conselho apenas seguia políticas que não desagradavam o imperador ou que tinham seu total apoio. O julgamento a aprisionamento dos bispos foi muito impopular.
Enquanto isso a imposição do sistema métrico causou insatisfação no nordeste do país em 1874. Balanças e medidores métricos foram destruídos pelo povo e registros de impostos e de terras foram queimados. O movimento foi chamado de Quebra Quilos e não teve um impacto duradouro – porém veio a ilustrar a insatisfação popular e foi um caso embaraçoso para o governo.
Suspeitou-se que as revoltas do Quebra Quilos estavam sendo toleradas pelos padres, e isso junto com a prisão dos bispos chamou a atenção para o governo imperial preso em uma situação sem possibilidades de vitória. A crise seria apenas aliviada pela substituição de todo o e a relutante anistia dos bispos por parte do imperador. O historiador Heitor Lira culpou Rio Branco, seu gabinete, os bispos e principalmente Pedro II pela confusão. Todos os envolvidos mostraram falta de tato e suas intransigências apenas pioraram a situação – mais ainda para a própria monarquia. A maior consequência da crise foi o clero deixando de ver benefícios no apoio ao imperador. Apesar deles terem o abandonado, a maioria ainda aguardava ansiosamente a ascensão de sua filha e herdeira Isabel por causa de suas visões ultramontantistas.
Últimos anos
O gabinete de Rio Branco estava cada vez mais dividido e eles renunciaram em junho de 1875, tendo servido durante quatro anos. A viabilidade do gabinete tinha sido prejudicada pela Questão Religiosa com a igreja e por uma crise financeira internacional que causou a falência de vários bancos brasileiros. O imperador tentou em vão convencer Rio Branco a continuar como chefe de governo. Ele respondeu em uma carta: "Sabe Vossa Majestade que eu desejo entregar o meu posto a quem melhor possa ocupar. Se não enfermei ainda em público, não é duvidoso que estou cansado".Pedro II não queria nomear o 2.º Visconde do Uruguai como substituto de Rio Branco para impedir que a facção ultraconservadora voltasse ao poder. Assim ele chamou Caxias para liderar um novo gabinete.
O gabinete de Caxias durou por quase três anos até os Liberais assumirem o governo em janeiro de 1878. Rio Branco decidiu fazer uma viagem de um ano pela Europa já que o Partido Conservador tinha se tornado a oposição, passando por vários países. Ele se encontrou com a rainha Vitória do Reino Unido, o rei Humberto I da Itália, o papa Leão XIII e outros líderes. Ele também visitou seu filho mais velho, que na época estava vivendo em Liverpool como consul do Brasil. Porém não se encontrou com os netos, não se sabendo se por ter se recusado ou pelo filho não lhes ter aprensentado. Rio Branco foi recebido com grandes celebrações por todos os portos que passou assim que voltou para o Brasil: em Recife, sua cidade natal Salvador e por fim chegando em 30 de julho de 1879 no Rio de Janeiro.
Porém, ele estava morrendo. Os primeiros sintomas de um câncer de boca começaram a aparecer enquanto ainda estava na Europa. Rio Branco era um fumante pesado, diariamente fumando até trinta charutos cubanos importados de Havana especialmente para ele. Ele ainda estava fazendo aparições no parlamento e discursando até julho de 1880, más depois dessa data ele não conseguia mais comparecer. Rio Branco mesmo assim manteve-se informado sobre os desenvolvimentos políticos e continuou a comparecer nas reunião do Conselho de Estado. Anteriormente ele já havia se aposentado como professor em 1877.
Ele ainda era capaz de falar sem problemas até o dia 30 de outubro.134 Seus médicos realizaram várias cirurgias em vão e o câncer acabou se alastrando para sua garganta. Ele sofreu um forte ataque de meningite durante uma noite. Rio Branco disse em um delírio causado pela frebre que "Não perturbem a marcha do elemento servil [para seu fim]". Seu último aviso foi ignorado, já que ao invés de simplesmente deixar a escravidão lentamente morrer, seus últimos resquícios foram agressivamente extinguidos em 1888 pela Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel e pelo então presidente do conselho João Alfredo Correia de Oliveira. Rio Branco morreu às 7h05min do dia 1 de novembro de 1880 na cidade do Rio de Janeiro. Suas últimas palavras foram: "Eu confirmarei perante Deus tudo aquilo que afirmei aos homens".
Legado
A morte de Rio Branco foi recebida com muita tristeza por toda a nação. Nas palavras do próprio Pedro II ela foi "uma grande perda para o Brasil".No dia seguinte de seu falecimento mais de vinte mil pessoas foram para as ruas do Rio de Janeiro acompanhar sua grandiosa procissão fúnebre. Ele foi honrado com elegias e salvas de tiros.
A abrupta abolição da escravidão, que Rio Branco era contra, ocorreu oito anos depois de sua morte. O resultado foi a alienação da facção ultraconservadora do Visconde do Uruguai e poderosos interesses políticos. Eles formaram uma aliança com republicanos e oficiais militares descontentes que por fim levaram a abolição do império em 15 de novembro de 1889.
O líder abolicionista brasileiro Joaquim Nabuco escreveu no final do século XIX que Rio Branco era, de todos os políticos do reinado de Pedro II, aquele mais adequado para o cargo de Presidente do Conselho de Ministros. Nabuco o considerou como um dos maiores estadistas do império. Entretanto, ele também disse que existiam muitos outros políticos que eram bem melhores legisladores e criadores de doutrinas que Rio Branco. Porém diferentemente de outros, que eram brilhantes em uma ou outra habilidade, mas falhos em outras, Rio Branco era bom – porém não excepcional – em todas. Em outras palavras era um generalista competente. A visão de Nabuco era que Rio Branco talvez não fosse o melhor líder em períodos tumultuosos – como na anarquia que se instaurou durante a minoridade do imperador ou ao final de algum período de caos quando ações fortes eram necessárias – por causa da sua falta de habilidades de primeira classe. Mesmo assim ele era a escolha perfeita para em uma época de paz e estabilidade onde suas várias habilidades poderiam brilhar. Essas características se encaixavam perfeitamente na situação do Brasil em 1871 quando Rio Branco se tornou Presidente do Conselho de Ministros.
De acordo com o historiador Heitor Lira, Rio Branco foi o maior político de sua época, com apenas o Marquês do Paraná estando no mesmo nível, porém mesmo assim Paraná "não possuía nem a serenidade, nem a maleabilidade política, nem a visão objetiva de Rio Branco".O historiador José Murilo de Carvalho afirmou que "Rio Branco foi sem dúvida o mais completo estadista da época".14 Ronaldo Vainfas escreveu que ele era "um típico conservador modernizante, que procurou implementar as reformas propagandeadas pelos liberais, esvaziando o programa político da oposição".
A historiadora Lidia Besouchet acredita que Rio Branco foi "um dos principais apoiadores [da monarquia]" e com sua morte – junto com a de outros políticos veteranos – fez o império começar a entrar em colapso (uma visão partilhada por outros historiadores). Hélio Viana o considerou "um dos estadistas mais notáveis do Império".Já o historiador Roderick J. Barman teve uma visão bem menos elogiosa, dizendo que apesar dele ter tido "sucesso como ministro e diplomata",além de "ter mais do que provado suas capacidades" durante a ausência do monarca,93 Rio Branco "não possuía, como Paraná, a personalidade e posição política para agir independentemente do Imperador. Ele era o agente de Pedro II".
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Maria_da_Silva_Paranhos
João Nepomuceno de Medeiros Mallet (Bagé, 16 de maio de 1840 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1907) foi um militar e político brasileiro.
Filho do marechal Emílio Mallet, patrono da Artilharia do Exército Brasileiro, e de Joaquina Castorina de Medeiros.
Bacharelou-se em ciências físicas pela Escola Militar do Rio de Janeiro. De 1864 a 1865, participou da Guerra do Paraguai, destacando-se na tomada de Paysandú. Fez a campanha até o final, distinguindo-se na Passagem de Humaitá, nas operações da Dezembrada e na Campanha das Cordilheiras.
Por ocasião da Proclamação da República, recebeu o encargo de levar ao imperador D. Pedro II a ordem de partida imediata para a Europa.
Tornou-se governador de Ceará e Mato Grosso mas, ao se envolver no movimento político-militar de 1892, assinando o Manifesto dos 13 generais contra a permanência de Floriano Peixoto no poder, foi reformado no posto de general-de-brigada.
Retornando à ativa como general-de-divisão, ocupou o cargo de ministro do Superior Tribunal Militar, de 3 de outubro de 1896 até seu falecimento em 12 de dezembro de 1907.1
Foi Ministro da Guerra de 15 de novembro de 1898 a 15 de novembro de 1902, durante o governo Campos Sales. Tornou mais prático o ensino militar e reestruturou também o Estado-Maior e os métodos de disciplina.
Casou em 25 de outubro de 1863 no Rio de Janeiro com Mariana Leopoldina de Carvalho Pardal (falecida em 1875), filha do brigadeiro João Carlos Pardal, com quem teve três filhos, dentre os quais, o jornalista e romancista João Carlos Pardal Mallet. Viúvo, casou em segundas núpcias com Maria Carolina Veloso Pederneiras (1858 - 1885), filha do brigadeiro Inocêncio Veloso Pederneiras, barão de Bujuru, de quem também enviuvou, porém sem prole. O próprio Medeiros Mallet faleceu aos 67 anos, e seus restos mortais foram sepultados no Cemitério São Francisco Xavier.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Nepomuceno_de_Medeiros_Mallet
Henrique Batista Duffles Teixeira Lott (Antônio Carlos, 16 de novembro de 1894 — Rio de Janeiro, 19 de maio de 1984) foi um militar brasileiro, que atingiu o posto de marechal.
Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro, onde foi comandante do Batalhão Escolar em 1910. Formou-se Aspirante a Oficial na Escola Militar de Realengo, em 1914. Foi adido militar do Brasil em Washington, Estados Unidos. Em 1944 chegou ao generalato. Entre dezembro desse ano e março de 1946, comandou a Infantaria Divisionária, em Santa Maria.
Na crise de 1954 assinou o documento em que os generais, com receio de um golpe de estado devido à instabilidade política, exigiam o afastamento de Getúlio Vargas do poder em meio às inúmeras denúncias de corrupção.
Caracterizava-se pelos seus hábitos metódicos, pelo seu respeito à hierarquia militar e ao governo constituído. Após o suicídio de Vargas, Café Filho assumiu a presidência da República e nomeou Teixeira Lott ministro de Guerra, devido às pressões da caserna (sobretudo de oficiais generais), mas especialmente visando afastar a influência do general pró-Vargas, Newton Estillac Leal, sobre os militares. Quando Juscelino Kubitschek e João Goulart venceram as eleições presidenciais de outubro de 1955 - respectivamente para presidente e vice-presidente, houve uma divisão das Forças Armadas, pois a chapa vitoriosa era constituída por dois candidatos getulistas, o mineiro Juscelino Kubitschek e o gaúcho João Goulart.
Em 11 de novembro o então general Lott desencadeou o movimento militar, dito de "retorno ao quadro constitucional vigente". Houve então a declaração do impedimento do presidente em exercício, Carlos Luz (Café Filho havia sofrido um infarto e afastara-se da presidência), a entrega de seu cargo ao presidente do senado Nereu Ramos e a garantia da posse dos eleitos, em obediência à Constituição. No início de 1956, Lott continuou como ministro da Guerra no governo de JK, pois garantira a posse do presidente, mobilizando as tropas nas ruas. Foi quando recebeu uma espada de ouro da comunidade defensora da legalidade constitucional (segundo familiares e amigos próximos, Lott teria recusado a espada de ouro, ao brandir sua tradicional espada de general). Este acontecimento ficou conhecido com Movimento de 11 de Novembro.
Se distinguiu pelo legalismo e por suas convicções democráticas. Na eleição presidencial brasileira de 1960, o Marechal Lott, já na reserva, foi postulado candidato à Presidência da República pela coligação governista PTB/PSD que elegera JK em 1955 e dera sustentação ao governo deste e recebeu apoio de Juscelino. A campanha de Teixeira Lott foi uma das primeiras a contar com um planejamento profissional, com técnicas de marketing político importadas dos Estados Unidos. O jingle utilizado em sua campanha é considerado um dos melhores já feitos em campanhas eleitorais no Brasil.
Porém fora derrotado por Jânio Quadros. Após isso tentou ainda permanecer na vida pública. Em 1961 declarou-se contrário à tentativa de golpe planejada pelos ministros militares para impedir a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio e foi de extrema importância para a Campanha da Legalidade de Brizola ao aconselhar a buscar apoio em chefes militares nacionalistas locais. No caso, os generais de Exército Oromar Osório, comandante em Santiago, e Peri Constant Bevilacqua, comandante em Santa Maria.4 Para assegurar a legalidade, em 26 de agosto de 1961 (dia seguinte à renúncia do presidente Jânio Quadros), fez um importante manifesto às Forças Armadas:
Tomei conhecimento, nesta data, da decisão do Senhor Ministro da Guerra, Marechal Odílio Denis, manifestada ao representante do governo do Rio Grande do Sul, deputado Rui Ramos, no Palácio do Planalto, em Brasília, de não permitir que o atual Presidente da República, Sr. João Goulart, entre no exercício de suas funções, e ainda, de detê-lo no momento em que pise o território nacional.
Mediante ligação telefônica, tentei demover aquele eminente colega da prática de semelhante violência, sem obter resultado. Embora afastado das atividades militares, mantenho um compromisso de honra com a minha classe, com a minha pátria e as suas instituições democráticas e constitucionais. E, por isso, sinto-me no indeclinável dever de manifestar o meu repúdio à solução anormal e arbitrária que se pretende impor à Nação.
Dentro dessa orientação, conclamo todas as forças vivas do país, as forças da produção e do pensamento, dos estudantes e intelectuais, dos operários e o povo em geral, para tomar posição decisiva e enérgica no respeito à Constituição e preservação integral do regime democrático brasileiro, certo ainda de que os meus camaradas das Forças Armadas saberão portar-se à altura das tradições legalistas que marcam sua história no destino da Pátria.
Por conta desse pronunciamento, no qual se contrapunha ao Ministro da Guerra que era contrário à posse de João Goulart - Lott foi preso. Estava em seu apartamento em Copacabana, com a família, quando chegaram militares para prendê-lo. Todavia, o marechal recusou-se a ser detido por um oficial de patente inferior à sua e exigiu que fosse cumprida a hierarquia militar. Aguardou, assim, a chegada do marechal Nilo Sucupira, para finalmente sair. Lott recebeu uma pena de 30 dias de prisão (dos quais cumpriu 15),5 sendo três dias na inóspita Fortaleza da Laje. Após o Golpe Militar de 1964, residindo em Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro, em 1965, foi impedido, pela Justiça Eleitoral, de lançar sua candidatura ao governo do então estado da Guanabara. Foi declarado inelegível por falta de domicílio regular.
Retiro
O marechal afastou-se definitivamente da vida pública por não concordar com o regime militar que estava iniciando no Brasil.
Quando morreu em 1984, seu enterro aconteceu sem honras militares. O Ministério do Exército tentou minimizar e justificar o fato, mas a imprensa da época divulgou a ausência das honras militares no enterro de Lott. Leonel Brizola, na época governador do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias e declarou que, na sua volta do exílio, a primeira pessoa que visitou foi o marechal. Cerca de trezentas pessoas compareceram ao seu enterro.
Na ocasião, seu grande amigo Sobral Pinto declarou ... se tivesse ido para a presidência do Brasil, teria instaurado um governo de legalidade e de respeito à pessoa humana, e uma vinculação com partidos políticos, porque era um democrata sincero, inteligente e honrado. Com Lott na presidência, não teríamos ditadura militar durante vinte anos, não teríamos a falência nacional. Nada disso teria acontecido.
Representações na cultura
Quando a vida e a carreira política de Juscelino Kubitschek é mostrada na TV ou no cinema, a presença de Lott é quase que obrigatória, por causa de sua importância histórica neste período.
No filme Bela Noite para Voar, de 2005, é vivido pelo ator Cecil Thiré.
Em 2006, na minissérie JK da Rede Globo, Lott foi interpretado por Arthur Kohl.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_Teixeira_Lott
Euclides Zenóbio da Costa (Corumbá, 9 de maio de 1893 — Rio de Janeiro, 1962) foi um militar brasileiro, considerado o idealizador da Polícia do Exército (PE) da Força Terrestre.
Filho e neto de militares, estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro em 1903, de onde seguiu para a Escola Militar de Realengo, concluindo em 1916 os cursos de infantaria e cavalaria.
Em 1924 participou da repressão militar contra a revolução tenentista. Foi Comandante da Infantaria da Força Expedicionária Brasileira, participando das operações de guerra na Itália.
No período de 10 de agosto de 1946 a 31 de março de 1952 comandou a 1ª Região Militar, no Rio de Janeiro.
Em 1954, no governo constitucional de Getúlio Vargas, foi nomeado ministro da Guerra, assumindo o cargo em decorrência da crise político-militar surgida com o Manifesto dos Coronéis contra a permanência de João Goulart no Ministério do Trabalho.
Em agosto de 1954 comunicou ao presidente Getúlio Vargas a impossibilidade de ser esboçada qualquer resistência aos generais que exigiam o licenciamento do presidente da república. Participou dos movimentos militares de 11 a 21 de novembro de 1955, destinados a garantir a posse de Juscelino Kubitschek na presidência da república.
Euclides Zenóbio da Costa é avô do músico Roberto de Carvalho.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Euclides_Zen%C3%B3bio_da_Costa
José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, (Rio de Janeiro, 20 de abril de 1845 — Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1912) foi advogado, diplomata, geógrafo e historiador do Brasil.
Em 1862, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, porém transferiu-se no último ano para a Faculdade de Direito do Recife onde recebeu o grau de bacharel. Filho de José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, Rio Branco é o patrono da diplomacia brasileira.
Iniciou-se nas letras em 1863, nas páginas da revista Popular, com uma biografia de Luís Barroso Pereira, comandante da fragata Imperatriz. Posteriormente, em 1866, na revista l'Illustration, desenhou e escreveu sobre a guerra do Paraguai, defendendo o ponto de vista do Brasil.
Em 1868, substituiu por três meses Joaquim Manuel de Macedo como professor na cadeira de corografia e história do Brasil, no Colégio Pedro II. Corografia foi a especialidade da Geografia que se dedicava ao estudo geográfico de um país ou de uma de suas regiões.
A diplomacia
Iniciou-se na carreira política como promotor e deputado, ainda no Império. Em 1871 foi redator no periódico A Nação, tendo colaborado, a partir de 1891, no Jornal do Brasil.
Cônsul-geral em Liverpool a partir de 1876, foi ministro acreditado na Alemanha em 1900, assumindo o Ministério das Relações Exteriores, de 3 de dezembro de 1902 até sua morte, em 1912. Ocupou o cargo ao longo do mandato de quatro presidentes da república - governos de Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca - configurando-se uma unanimidade nacional em sua época.
Recebeu o título de barão do Rio Branco às vésperas do fim do período imperial, mas continuou a utilizar o título "Rio Branco" em sua assinatura mesmo após a proclamação da república, em 1889. Isso se deu por ser um monarquista convicto e para homenagear seu falecido pai, o senador e diplomata José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco.
Questões internacionais
Sua maior contribuição ao país foi a consolidação das fronteiras brasileiras, em especial por meio de processos de arbitramento ou de negociações bilaterais, dos quais se destacam três questões de fronteiras:
Amapá
Obteve uma vitória sobre a França sobre a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, causa ganha pelo Brasil em 1900 em uma arbitragem do governo suíço. A fronteira foi definida no rio Oiapoque.
Palmas
Em 1895, havia já conseguido assegurar para o Brasil boa parte do território dos estados de Santa Catarina e Paraná, em litígio contra a Argentina no que ficou conhecido como a questão de Palmas. Essa primeira arbitragem foi decidida pelo presidente norte-americano Grover Cleveland, e teve como opositor pelo lado da Argentina Estanislau Zeballos, que mais tarde se tornou ministro do exterior argentino e durante muito tempo acusou Rio Branco de perseguir uma política imperialista.
Acre
Foi o prestígio obtido nesses dois casos que fez com que Rodrigues Alves escolhesse Paranhos para o posto máximo da diplomacia em 1902, quando o Brasil estava justamente envolvido em uma questão de fronteiras, desta vez com a Bolívia.
Esta tentava arrendar uma parte do seu território a um consórcio empresarial anglo - americano. A terra não era reclamada pelo Brasil, mas era ocupada quase que integralmente por colonos brasileiros, que liderados por Plácido de Castro resistiam às tentativas bolivianas de expulsá-los, episódio que ficou conhecido como "Revolução Acriana".
Em 1903, assinou com a Bolívia o tratado de Petrópolis, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território do Acre, que passou a pertencer ao Brasil mediante compensação econômica e pequenas concessões territoriais. Esta é a mais conhecida obra diplomática de Rio Branco, cujo nome foi dado à capital daquele território (hoje estado).
Outros sucessos e reconhecimentos ao Barão do Rio Branco.
Negociou com o Uruguai o condomínio sobre o Rio Jaguarão e a Lagoa Mirim, essencialmente uma concessão voluntária do Brasil a um vizinho que necessitava daqueles canais. Por essa razão, foi homenageado pelo governo do Uruguai, sendo conferido seu nome à antiga Pueblo Artigas, hoje cidade de Rio Branco, no departamento de Cerro Largo, vizinha da brasileira Jaguarão.
O município de Paranhos - MS, localizado na fronteira com o Paraguai foi batizado em sua homenagem.
Em 1908, então no Rio de Janeiro, convidou o engenheiro Augusto Ferreira Ramos a projetar um sistema teleférico que facilitasse o acesso ao cume do morro da Urca, conhecido mundialmente como o bondinho do Pão de Açúcar.
Em 1909, seu nome foi sugerido para a sucessão presidencial do ano seguinte.1 Rio Branco preferiu declinar de qualquer candidatura que não fosse de unanimidade nacional.
Foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1907 - 1912) e escreveu dois livros.
Seu filho, Paulo do Rio Branco, foi um proeminente jogador de rugby do Brasil na França.
Homenagem do Rio de Janeiro
Em seus últimos dias, sofrendo de problemas renais, pediu demissão de seu cargo, o que foi negado pelo presidente Hermes da Fonseca. Nos últimos instantes de vida, lamentou o bombardeio da capital baiana, Salvador, motivado por uma crise política e ocorrido em 10 de janeiro de 1912.
Sua morte, durante o carnaval de 1912, alterou o calendário da festa popular naquele ano, dado o luto oficial e as intensas homenagens que lhe renderam na cidade do Rio de Janeiro.
Morreu ontem o Barão do Rio Branco. Há dias a sua vida era a agonia prolongada pelos recursos da ciência. A cidade, os estados, o país inteiro, as nações vizinhas, a América, o mundo indagavam ansiosa da saúde do grande homem. E o grande homem caíra para não se levantar. Fora com um imenso soble, que resistindo anos e anos ao vendaval e a intempérie, dominando a vida, de repente estala e cai. Dizer do Barão do Rio Branco uma rápida impressão de dor, de luto, de lágrimas, quando o país inteiro soluça é bem difícil. E sua obra foi enorme e grandiosa. Ele teve duas vidas: a do jornalista de talento que se fez cônsul e a do cônsul que se transformou no maior dos brasileiros pelo seu desinteressado amor à Pátria, e no maior dos diplomatas contemporâneos pelo seu alto espírito, pela alta compreensão da função que exercia. Ele foi o dilatador do Brasil, alargando-o e aumentando-o em terras, graças ao seu engenho, sem um leve ataque à justiça e ao seu direito. (...)
Por ajudar na consolidação do território nacional sempre buscando soluções pacíficas para os conflitos com os vizinhos do Brasil o Barão do Rio Branco é considerado o patrono da diplomacia brasileira.
Seu corpo foi sepultado no jazigo de seu pai, no Cemitério do Caju.
Na cultura
O barão do Rio Branco já foi retratado como personagem no cinema, interpretado por J. Silveira no filme "A Vida do Barão do Rio Branco" (1912). Também teve sua efígie impressa nas notas de 5 mil réis de 1913 e 1924, Cr$ 5 (cinco cruzeiros) de 1950, nas de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) de 1978 - por este fato, a gíria popular brasileira incorporou o termo "barão" como sinônimo de "mil" - e cunhado no verso das moedas de 50 centavos em circulação atualmente no Brasil. Até mesmo a quantia de mil reais é designada como "um barão".
Na Academia Brasileira de Letras e Homenagens
Foi o segundo ocupante da cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 1 de outubro de 1898, na sucessão de João Manuel Pereira da Silva.
Atualmente, também há referência a seu famoso título de nobreza no nome do notório Instituto Rio Branco (instituição de ensino superior subordinada ao MRE que forma diplomatas de carreira). Fundado em 1945 como parte da comemoração do centenário de nascimento do Barão do Rio Branco, o IRBr localiza-se em Brasília atrás do Palácio do Itamaraty.
Seu título é também atribuído ao nome do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, localizado na cidade de Urussanga, Estado de Santa Catarina, à cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre à Avenida Rio Branco, uma das principais vias urbanas do centro da cidade do Rio de Janeiro, capital, e a Rua Barão do Rio Branco em Curitiba, no Paraná.
Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão, o visconde de Santa Teresa, (Rio de Janeiro, 2 de novembro de 1802 — Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1879) foi um general e ministro brasileiro, marcante personagem das guerras dos Farrapos e do Paraguai. Era filho do coronel João Florêncio Jordão.
João Manuel de Lima e Silva (c.1805 — São Borja, 29 de agosto de 1837) foi um militar e revolucionário brasileiro. Proveniente de uma tradicional família de militares, era tio do Duque de Caxias, apesar de dois anos mais jovem. Casado com Maria Joaquina, irmã do também farroupilha coronel José de Almeida Corte Real.