Personagem notória do Brasil da época da ditadura militar, ficou conhecida nacional e internacionalmente não apenas por seu trabalho inovador como estilista de moda mas também por sua procura pelo filho, militante de organizações extremistas, assassinado pelo governo e transformado em desaparecido político, em que enfrentou as autoridades da época e levou sua busca a se tornar conhecida no exterior.
Nascida em Curvelo, Minas Gerais, mudou-se quando criança para Belo Horizonte, onde começou a costurar e criar modelos, fazendo roupas para as primas, mudando-se depois para a Bahia, onde passou a juventude. A cultura e cores desse estado influenciaram significativamente o estilo das suas criações. Pioneira na moda brasileira, fez sucesso com seu estilo em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos.
Em 1947, foi morar na cidade do Rio de Janeiro e nos anos 50 iniciou seu trabalho como costureira, quando fazia roupas principalmente para alguns familiares próximos. No princípio dos anos 70, após muitos anos de costura e investindo um dinheiro que teve que juntar a vida toda, abriu uma loja de roupas em Ipanema.
Seu estilo misturava renda, seda, fitas e chitas com temas regionais e do folclore, com estampados de pássaros, borboletas e papagaios. Zuzu também trouxe para a moda as pedras brasileiras, fragmentos de bambu, de madeira e conchas.
Trabalhando muito, com o tempo fez algumas amizades importantes no bairro e através de ajudas de pessoas ricas e bem intencionadas que reconheciam seu trabalho teve a oportunidade de expandir seus negócios e começou a realizar desfiles de moda nos EUA. Nestes desfiles, sempre abordou a alegria e riqueza de cores da cultura brasileira, fazendo sucesso no universo da moda daquela época. Suas roupas eram bem costuradas e muito coloridas, pois ela passou a, além de costurar, desenhá-las e pintá-las. O anjo, de seu sobrenome, passou a ser uma das marcas registradas de suas criações. Foi ela quem trouxe para o Brasil e popularizou no universo da moda nacional o termo "fashion designer".
Nos anos 1940, Zuzu conheceu o americano Norman Angel Jones em Belo Horizonte, com quem iniciou um relacionamento amoroso e se casou em 1947. Após alguns anos juntos, foram para o Rio de Janeiro, mudando-se depois para Salvador, onde ela morou muitos anos. Lá, Zuzu engravidou e deu à luz seu filho, chamado Stuart Edgar.
A busca de Zuzu pelas explicações, pelos culpados e pelo corpo do filho só terminou com sua morte, ocorrida na madrugada de 14 de abril de 1976, num acidente de carro na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (Estrada Lagoa-Barra), Rio de Janeiro, hoje batizado com seu nome. O carro dirigido por ela, um Karmann Ghia TC, derrapou na saída do túnel e saiu da pista, chocou-se contra a mureta de proteção, capotando e caindo na estrada abaixo, matando-a instantaneamente. Está sepultada no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.
Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa de Chico Buarque de Hollanda um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse, em que escreveu: "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho".
Em 1998, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos julgou o caso sob número de processo 237/96 e reconheceu-a como pessoa que, "por ter participado, ou por ter sido acusada de participação, em atividades políticas, tenha falecido por causas não-naturais, em dependências policiais ou assemelhadas". Em seu relatório final publicado em 2007, a Comissão inseriu depoimentos de duas testemunhas oculares do acidente, sendo um deles prestado indiretamente, que afirmaram ter visto o carro do Zuzu ter sido fechado por outro e jogado fora da pista, caindo de uma altura de cerca de cinco metros.
Em 2013, a organização independente Wikileaks vazou um documento do governo norte-americano datado de 10 de maio de 1976, que comentava a morte de Zuzu num desastre automobilístico e mostrava preocupação com o fato e sua repercussão no Brasil e no exterior, atentando que, "para qualquer um familiar com o trânsito e em especial os túneis do Rio de Janeiro o acidente não é estranho", embora a hipótese de que possa ter havido "jogo sujo" por parte de forças de segurança não esteja acompanhada de evidências e seja até mesmo esperada, a hipótese não poderia ser descartada.
Em 2014, o ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, Cláudio Guerra, apresentou em depoimento à Comissão Nacional da Verdade uma fotografia do dia do acidente com Zuzu. Segundo ele, a imagem mostra o coronel do exército Freddie Perdigão dentre os curiosos que observavam a cena. O presidente da Comissão acredita que isto consubstancia suas suspeitas de envolvimento das Forças Armadas com o caso. Alguns dias depois, o advogado de três militares que prestaram depoimento afirmou que a informação era incorreta. O Jornal O Dia apresentou a foto a Inês Etienne Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis e que foi torturada por Perdigão, e a um sargento que trabalhou com Perdigão, ambos não reconheceram o agente a pessoa indicada como sendo Freddie Perdigão.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/