Era o único filho homem de um médico, dr. Bento Gonçalves Cruz, casado com a prima-irmã, d. Amélia Taborda Bulhões Cruz. Transferiu-se ainda criança, com o pai, para o Rio de Janeiro, onde fez todos os seus estudos, recebendo o grau de Doutor pela Faculdade de Medicina, em 1892, com 20 anos. Sua tese, A veiculação microbiana pela água, foi aprovada com distinção. Em 1893, casou-se com d. Emília Fonseca, de tradicional família fluminense, com quem teve seis filhos.
Iniciou-se na carreira médica como preparador de laboratório de higiene e, mais tarde, auxiliar no Laboratório Nacional de Higiene. Esteve em Paris, em 1896, e trabalhou três anos no Instituto Pasteur, ao lado de Roux, Nihert, Metchnikoff e outros. Passou a colaborar em jornais e revistas médicas nacionais e estrangeiras. De volta ao Rio de Janeiro em 1899, Osvaldo Cruz dirigia o laboratório da Policlínica quando foi chamado para estudar a peste que assolava o porto de Santos. Com Vital Brasil e Adolfo Lutz, ele confirmou clínica e bacteriologicamente que se tratava da peste bubônica. Diante da grave situação, as autoridades criaram o Instituto Butantã, em São Paulo, dirigido por Vital Brasil, e o Instituto Soroterápico Municipal, no Rio de Janeiro, que se instalou numa fazenda em Manguinhos e que depois se transformou no Instituto Osvaldo Cruz. Era diretor do Instituto Soroterápico o Barão de Pedro Afonso, substituído em 1902 por Osvaldo Cruz. Entre seus auxiliares estavam Adolfo Lutz, Artur Neiva, Emílio Ribas e Carlos Chagas.
Em março de 1903, assumiu a direção do serviço da Saúde Pública do Rio de Janeiro, a convite do Presidente Rodrigues Alves. Teve que enfrentar terríveis resistências e obstáculos de toda sorte para que a missão fosse coroada de êxito, ao fim de três anos. Conseguiu que o governo tornasse obrigatória a vacina contra a varíola. Seu nome tornou-se conhecido no mundo inteiro. Em 1907, representou o Brasil no 14o Congresso de Higiene, em Berlim, onde teve imenso sucesso, merecendo a medalha de ouro oferecida pela imperatriz da Alemanha. Foi eleito, no mesmo ano, para a Academia Nacional de Medicina. Em 1908, reformou o Instituto Manguinhos, aparelhando-o com o que havia de mais moderno. A Madeira Mamoré Railway pediu a Osvaldo Cruz que fizesse estudos sanitários no Estado do Amazonas, e ele conseguiu, tanto ali como em Belém do Pará, melhorar as condições de higiene locais. Em 1912, procedeu ao saneamento do vale amazônico, ao lado do seu discípulo Carlos Chagas, já então cientista de renome.
Com o falecimento de Raimundo Correia, foi apresentada na Academia Brasileira de Letras a candidatura de Osvaldo Cruz. Na sua eleição, obteve 18 votos, contra 10 dados a Emílio Menezes. Na mesma sessão em que foi eleito, e na seguinte, travaram-se debates sobre se deviam ser levados para a Academia homens que não tivessem méritos exclusivamente literários. Afirmou então Salvador de Mendonça que achava ociosa a distinção entre intelectuais de letras e intelectuais de ciência para a investidura acadêmica. Como principal defensor da tese dos “expoentes”, Salvador de Mendonça propôs que se reservassem, na Academia, três ou quatro lugares para as sumidades de qualquer espécie, tese esta também abraçada pelo então presidente José Veríssimo.
No discurso da saudação a Osvaldo Cruz, Afrânio Peixoto destacou a relevância da sua obra científica e do seu exemplo, que “valeu por uma congregação, porque é o preceptor de muitas gerações”. Osvaldo Cruz era um esteta, cultivava a arte nos momentos aprazíveis da sua intelectualidade e se cercava de coisas belas que lhe proporcionavam prazer intelectual, justificando-se o que dele disse Afrânio Peixoto: “Vós sois como os grandes poetas que não fazem versos; nem sempre estes têm poesia, e ela sobeja na vossa vida e na vossa obra.”
Fonte: http://www.academia.org.br/abl/