Era filho do químico Manuel Dias da Cruz Neto e de Rosa Reis Dias da Cruz. Sua infância dividiu-se entre Vila Isabel, onde nasceu, e a cidade mineira de Barbacena, para onde sua família se mudou quando ele tinha quatro anos.
O que nunca lhe faltou, no Rio ou em Minas, foi um terreno baldio para jogar futebol e livros para ler. Além dos livros de ficção da biblioteca de seu pai, aos 11 anos já tinha lido autores que os outros só lêem quando adultos: Buffon, Flaubert, Balzac e os clássicos portugueses.
Aos 15 anos o conhecimento de Machado de Assis e Manuel Antônio de Almeida iria despertar nele a “coceira de escrever” de que nunca mais se libertaria. Prosseguiu seus estudos e, no início dos anos 20, ingressou na Faculdade de Medicina, que logo abandonou para se dedicar ao comércio.
Dedicou-se ao jornalismo profissional no início dos anos 20. Publicou poemas nas revistas modernistas Verde, Antropofagia, Leite Crioulo e outras. Escreveu seus primeiros contos por volta de 1927, quando fazia o Serviço Militar. Oscarina, publicado em 1931, é, em grande parte, fruto de sua vivência na caserna, que se transformou em literatura graças a uma queda sofrida numa competição esportiva que o reteve meses numa cama de hospital, e ele aproveitava o tempo para escrever. Juntamente com a decisão de abandonar a poesia e se tornar ficcionista, o escritor tomou a de rebatizar-se.
Questionado porque adotou o pseudônimo de Marques Rebelo, Edi Dias da Cruz explicou: “Nome de família muitas vezes atrapalha. Devido à campanha que fizeram contra os modernistas na Semana de Arte Moderna, justamente na época e por influência da mesma senti que tinha vocação para a literatura e resolvi adotar esse pseudônimo, evitando assim sofrimentos para a família.”
Dois anos depois de Oscarina, veio a público Três caminhos, volume composto pelas novelas “Namorada”, “Vejo a lua no céu” e “Circo de cavalinhos”, e o romance Marafa, em 1935, laureado com o Grande Prêmio de Romance Machado de Assis, da Cia. Editora Nacional. O grande êxito viria em 1939 com A estrela sobre, romance de uma jovem suburbana que “vence” no rádio, a grande fábrica de ilusões dos anos 30. Marques Rebelo integrou a geração que fez o Romance de 30, inserido na linha da literatura de acusação e de denúncia da miséria brasileira. Foi o romancista do Rio de Janeiro, sobretudo de sua gente simples e humilde.
Para ele, o Rio era a Zona Norte, de onde vinha o Carnaval e onde ia buscar a maioria dos seus personagens de classe média. Escreveu sobre futebol, viagens e sobre Manuel Antônio de Almeida, o primeiro romancista brasileiro a retratar a vida urbana do Rio de Janeiro. Depois de Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis e Lima Barreto, Marques Rebelo é o mais apaixonado pintor da vida carioca. Mas o Rio por ele descrito já desapareceu, pois ele retratou a cidade nos últimos anos pré-industriais, quando na Tijuca ainda se faziam serenatas, a Lapa estava no auge e casais de namorados passeavam de bonde.
Depois de anos de paciente trabalho, publicou em 1959 O Trapicheiro, seguido de mais dois volumes: A mudança (1962) e A guerra está entre nós (1968), que formam o grande e inconcluso romance cíclico O espelho partido, painel fragmentário da vida brasileira, especialmente carioca, na primeira metade do século.